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Descrédito acumulado
O DIVÓRCIO entre opinião
pública e Legislativo continua pronunciado -e
não ocorre apenas em Brasília. O
Conselho de Ética da Assembléia
Legislativa de São Paulo decidiu
arquivar uma representação
contra o líder tucano licenciado,
Mauro Bragato, acusado de estar
metido com irregularidades na
Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano. A
CDHU esteve sob o comando de
Bragato quando ele foi secretário
estadual da Habitação, na gestão
de Geraldo Alckmin.
Não se pede à Assembléia paulista ou a qualquer outra casa legislativa que condene parlamentares sem provas, mas apenas
que dê uma satisfação aos eleitores e se disponha a investigar
seus membros quando existem
indícios de que tenham cometido ilícitos. É o caso de Bragato.
Em meados de maio, a Polícia
Civil prendeu 17 pessoas sob a
acusação de integrarem um esquema de fraude em licitações de
casas populares no interior paulista. Em testemunhos acerca de
pagamento de propina por uma
empreiteira, surgiu o nome de
Bragato. As suspeitas se reforçaram quando se descobriu que o
tucano, detentor de um patrimônio declarado de R$ 6.540, fez
uma doação pessoal de R$ 40 mil
a sua própria campanha na eleição do ano passado.
Não é a primeira vez que o
PSDB se vale de sua hegemonia
na Assembléia para afastar investigações. Entre 2001 e 2006,
na gestão Alckmin, o Legislativo
paulista engavetou todas as 69
CPIs propostas.
Nesse quesito, os grandes partidos do país se equivalem.
Quando estão na situação, fazem
tudo o que podem -alguns com
mais sucesso, outros com menos- para bloquear CPIs e investigações que possam macular
seus integrantes. Cada "vitória
política" desse tipo, contudo, é
um golpe a mais na credibilidade
do Poder Legislativo.
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