São Paulo, quinta-feira, 23 de agosto de 2007

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Descrédito acumulado

O DIVÓRCIO entre opinião pública e Legislativo continua pronunciado -e não ocorre apenas em Brasília. O Conselho de Ética da Assembléia Legislativa de São Paulo decidiu arquivar uma representação contra o líder tucano licenciado, Mauro Bragato, acusado de estar metido com irregularidades na Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano. A CDHU esteve sob o comando de Bragato quando ele foi secretário estadual da Habitação, na gestão de Geraldo Alckmin.
Não se pede à Assembléia paulista ou a qualquer outra casa legislativa que condene parlamentares sem provas, mas apenas que dê uma satisfação aos eleitores e se disponha a investigar seus membros quando existem indícios de que tenham cometido ilícitos. É o caso de Bragato.
Em meados de maio, a Polícia Civil prendeu 17 pessoas sob a acusação de integrarem um esquema de fraude em licitações de casas populares no interior paulista. Em testemunhos acerca de pagamento de propina por uma empreiteira, surgiu o nome de Bragato. As suspeitas se reforçaram quando se descobriu que o tucano, detentor de um patrimônio declarado de R$ 6.540, fez uma doação pessoal de R$ 40 mil a sua própria campanha na eleição do ano passado.
Não é a primeira vez que o PSDB se vale de sua hegemonia na Assembléia para afastar investigações. Entre 2001 e 2006, na gestão Alckmin, o Legislativo paulista engavetou todas as 69 CPIs propostas.
Nesse quesito, os grandes partidos do país se equivalem. Quando estão na situação, fazem tudo o que podem -alguns com mais sucesso, outros com menos- para bloquear CPIs e investigações que possam macular seus integrantes. Cada "vitória política" desse tipo, contudo, é um golpe a mais na credibilidade do Poder Legislativo.


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