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Editoriais
O teste da Bolsa
NA ESTEIRA da valorização
dos preços dos produtos
agrícolas, minerais e do
petróleo, o Ibovespa atingiu o
auge no mês de maio de 2008
com 72.592 pontos. Nos meses
seguintes, acumulou desvalorização de 26,5%. Em agosto, o índice da Bolsa brasileira tem oscilado em torno de 54 mil pontos.
Nesse processo, o valor de mercado das companhias listadas na
Bovespa caiu de US$ 1,6 trilhão
para US$ 1,2 trilhão.
A despeito do aprofundamento da crise internacional, que reduziu o apetite pelo risco dos investidores estrangeiros, prosseguiram as emissões de ações no
Brasil. Essas operações, em que
empresas buscam recursos no
mercado acionário, alcançaram
R$ 32 bilhões em 12 operações,
até meados de agosto de 2008. O
volume para todo o ano de 2007
foi de R$ 36,2 bilhões.
Nas operações diárias de compra e venda de ações, no entanto,
os investidores estrangeiros continuaram desempenhando papel
crucial -movimentaram 35,4%
dos recursos durante os primeiros oito meses de 2008. Os investidores institucionais domésticos, como os fundos de pensão,
foram responsáveis por 28% do
volume, seguidos pelos investidores individuais, com 25,4%.
Um dado positivo é que a parcela das pessoas físicas com recursos na Bolsa permanece elevada. O número dos aplicadores
em busca de melhor rendimento
para a poupança familiar cresce
desde 2003 e alcançou 528,7 mil
no mês passado.
A contínua elevação da taxa
básica de juros, contudo, prejudica o desempenho do mercado
de capitais. Já se observa uma
migração dos investidores do
mercado de ações para o de títulos de renda fixa, como os CDBs
privados, e a própria dívida pública. Além disso, as taxas de juros elevadas não favorecem as
perspectivas de crescimento da
produção e dos lucros das empresas, o que tende a afastar novos investidores.
A interrupção do ciclo de alta
na Bovespa ameaça a continuidade de um processo inédito na
economia brasileira. Cada vez
mais empresas estão utilizando o
mercado de capitais a fim de captar recursos para investir na produção. Com a alta dos juros e a
retração dos papéis de dívida privada, a demanda das corporações por recursos para ampliar a
capacidade produtiva e a infra-estrutura tende a sobrecarregar,
mais uma vez, o BNDES.
Resta saber se essa nova e promissora fonte de financiamento,
o mercado de capitais brasileiros, resiste ao teste da instabilidade da Bovespa.
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