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PRETEXTO IRAQUIANO
Ele tem armas de destruição em massa, representa uma ameaça
para seus vizinhos e persegue implacavelmente aqueles que ousam lhe
fazer oposição. A enumeração acima, além de valer para Saddam Hussein, também serve para qualificar, por exemplo, Jiang Zemin, dirigente
máximo da China, Pervez Musharraf, presidente do Paquistão, e Nursultan Nazarbaiev, do Casaquistão.
Por que os EUA ameaçam Saddam
Hussein com ataques militares enquanto outros dirigentes, que incorrem em alguns dos mesmos delitos,
são considerados aliados de Washington, com direito a ajuda econômica ou "status" de parceiro comercial preferencial? Essa é uma pergunta que comporta várias respostas. É
certo, porém, que o desejo de "fazer
justiça" não pode ser incluído entre
as principais motivações do presidente George W. Bush.
Parece mais razoável supor que
Bush esteja utilizando Saddam como
pretexto para reforçar sua posição
hegemônica. Ao buscar a todo custo
a deposição de Saddam Hussein,
Bush parece estar querendo mostrar
ao mundo que é capaz de jogar duro
quando lhe interessa.
Ainda que a disposição norte-americana tenha alguma racionalidade,
ela não é isenta de riscos. É duvidoso,
por exemplo, o efeito dissuasivo que
um ataque ao Iraque teria sobre o terror. No plano prático, a intervenção
pode desestabilizar ainda mais o
Oriente Médio. Não seria desprezível
o impacto da guerra sobre o preço do
petróleo. Há até o risco de as ações
unilaterais dos EUA terminarem por
indispor Washington com aliados
importantes, como a Alemanha.
O que parece vantajoso para Bush é
que um conflito contra o Iraque
manteria e até tenderia a elevar seus
níveis de popularidade. É pouco para
justificar uma guerra.
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