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FERNANDO RODRIGUES
Uma eleição normal
BRASÍLIA - O banco europeu de origem holandesa ABN-Amro, que comprou o brasileiro Real, fez uma das análises mais ponderadas do mercado financeiro, até agora, sobre a sucessão presidencial brasileira.
"Investidores têm ficado obcecados com o resultado da eleição para presidente no Brasil e desconsideram a importância das disputas para o Congresso e governos estaduais", diz o texto do relatório quinzenal do ABN, divulgado na semana passada e redigido por Mario Mesquita.
Extensa, a análise registra a possibilidade de vitória de um candidato
de oposição (Lula). Mas faz duas ressalvas relevantes.
A primeira delas é óbvia, mas pouco considerada por quem avalia uma
eventual vitória do PT no mercado financeiro internacional: os três principais partidos de centro e centro-direita (PSDB, PMDB e PFL) continuarão dominando o Congresso.
Em segundo lugar, o ABN afirma
que oito Estados brasileiros são responsáveis por 80% do PIB: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco e Ceará.
Não há indicações de que os favoritos para governar esses oito Estados
estejam preparando uma farra de
gastos. Como 25% da meta de superávit prometida ao FMI depende de
governos locais, o ABN acha que as
coisas estão tranquilas nessa área.
O banco holandês avalia que o presidente eleito, seja ele quem for, terá
de trabalhar na construção de uma
maioria no Congresso antes da posse.
Cita explicitamente o presidente da
Câmara, Aécio Neves (PSDB), como
um dos principais defensores de um
"pacto de governabilidade".
É claro que o ABN avalia que tudo
seria mais fácil se o vencedor fosse o
governista Serra. Mas acredita que o
Congresso "continuará a moderar o
passo e a direção de todas as reformas sociais e econômicas". Em resumo, o Brasil terá uma eleição, mas a
vida seguirá em frente, normal. Já era
hora de alguém escrever isso no meio
financeiro internacional.
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