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CARLOS HEITOR CONY
Elias bin Laden
RIO DE JANEIRO - Não participei da alacridade geral provocada pela captura do Elias Maluco. Evidente que folguei sabendo que mais um criminoso foi detido e, em tese, deixa de representar uma ameaça à sociedade.
Mas já cansei do desfile macabro com que a polícia e a mídia, em consenso
ou em confronto, volta e meia criam durante duas ou três semanas, provocando um impacto artificial em nosso cotidiano.
Escadinha, Tião Medonho, Mineirinho, Cara de Cavalo, Lúcio Flávio,
Fernandinho Beira-Mar, Febrônio, o Bandido da Luz Vermelha -impossível lembrar a sucessão de tantos nomes que, em dado momento, apresentados como inimigos públicos nš 1, foram mortos ou presos. Nunca temi
esses superbandidos; por um motivo ou outro, são reduzidas as chances de
me defrontar com eles ou eles comigo.
Temo, isso sim, o baixo clero do crime organizado ou não, principalmente deste último, que nos é oferecido no varejo de cada cruzamento, no
encontro de cada esquina, e do qual
podemos sair sem a carteira ou sem a
vida. A euforia que caiu como uma
vitória do Brasil em Copa do Mundo
nos escalões do governo estadual, da
polícia e de certa parte da mídia foi
não apenas exagerada, mas logo capitalizada para a campanha eleitoral aqui no Rio.
Afinal, esse tal de Elias Maluco é
mesmo um arquibandido, um supercriminoso, ou é apenas um assassino
que direta ou indiretamente matou
um jornalista? Por mais repulsa que
a morte do Tim Lopes nos tenha causado, por mais que lamentemos os
detalhes de sua execução, não vejo
por que soltar tantos foguetes por
causa da prisão de mais um bandido
que não será o último na inesgotável
oferta de crimes.
Com propósito ou sem propósito,
foram feitas aproximações entre a
captura de Elias Maluco e a caça a
Osama bin Laden. Dois criminosos,
sem dúvida. Mas a prisão ou a morte
deles não livrará o mundo e o Rio de
continuarem vulneráveis ao crime e
ao terrorismo.
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