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CARLOS HEITOR CONY
Tomada de consciência
RIO DE JANEIRO - O senador Marco Maciel apresentou em junho deste
ano um projeto de resolução que institui a Comissão Especial do Bicentenário da Independência do Brasil.
Para um político escolado que nunca
teve pressa e chegou a governador,
presidente da Câmara dos Deputados, ministro e vice-presidente da República em dois mandatos, o projeto
não pode ser encarado como uma
precipitação.
Tivemos recentemente o fiasco das
comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil. Governo e sociedade praticamente se lixaram para a data, fizeram o mínimo do mínimo, mesmo assim fizeram mal.
Pode parecer uma preocupação
menor diante dos desafios atuais que
enfrentamos como povo e nação.
Mas, se pensarmos na eficiência com
que foi celebrado o primeiro centenário, em 1922, constatamos que o evento foi muito mais do que uma exposição na Esplanada do Castelo, então
inaugurada, e a primeira visita de
um rei europeu a nossos domínios.
Bem verdade que o rei Alberto da
Bélgica inaugurou um trem de luxo
na Central do Brasil e deu início a
uma siderúrgica, a qual, até a implantação de Volta Redonda, foi a
forja mais importante de nossa incipiente industrialização.
Mas houve mais: o ano de 1922
marcou fundamente a nossa vida
cultural, social e política, com a Semana de Arte Moderna, em São Paulo, o início do ciclo tenentista, que desembocou na Revolução de 30, a fundação do Partido Comunista. O século 20, que, na Europa, começou com a
guerra de 1914, no Brasil começou em
1922.
O projeto de Marco Maciel prevê
que as atividades da comissão tenham início em 28 de janeiro de
2008, em alusão à abertura dos portos do Brasil, ponto de partida para
nossa independência. E se estenderão
até 2022. Não deverá ser um evento
apenas festivo e mediático, mas uma
tomada de consciência nacional.
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