São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2008

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CLÓVIS ROSSI

E ainda abanamos o rabo

SÃO PAULO - Um grande craque do mundo financeiro, com experiência nos dois lados do balcão (governo e iniciativa privada), escreve para corrigir uma informação da coluna: foram seis de oito, e não três de cinco, as financeiras independentes de banco que quebraram nos Estados Unidos.
Poderia ter acrescentado que foram todas as oito, agora que a Morgan Stanley e a Goldman Sachs tomaram a iniciativa de abandonar a independência (e a conseqüente regulação bem mais frouxa, quando não inexistente) para se tornarem bancos também. O "New York Times" diz que o pedido é o reconhecimento de que "seu modelo de finanças e investimento tinha se tornado demasiado arriscado e que necessitavam do colchão de depósitos bancários".
Será que agora o Brasil e seus analistas vão abandonar o complexo de vira-lata (apud Nelson Rodrigues) e deixar de abanar o rabinho ante as miçangas oferecidas pelos colonizadores, no caso, os colonizadores financeiros? O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve um orgasmo quando o Brasil foi alçado a "investment grade", palavra que ele disse nem saber pronunciar direito. Mas era a "declaração", segundo Lula, de que o Brasil "é um país sério".
Bobagem, Lula. O pessoal que diz quem é e quem não é "investment grade" não viu (ou viu, mas ficou quieto, o que é suspeito) todas essas grandes e históricas firmas financeiras deixarem de ser sérias até o ponto de quebrarem.
Outra coisinha: foi o pessoal da Goldman Sachs quem inventou a sigla Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) para designar as supostas potências mundiais do ano 2020. Se não enxergaram os riscos que corriam em 2007/2008, serão capazes de enxergar lá longe? A crise deixou evidente que acreditar nessa gente é acreditar em duendes. Prefiro jogar os búzios ou consultar cartomantes.

crossi@uol.com.br



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