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CLÓVIS ROSSI
E ainda abanamos o rabo
SÃO PAULO - Um grande craque
do mundo financeiro, com experiência nos dois lados do balcão (governo e iniciativa privada), escreve
para corrigir uma informação da
coluna: foram seis de oito, e não três
de cinco, as financeiras independentes de banco que quebraram
nos Estados Unidos.
Poderia ter acrescentado que foram todas as oito, agora que a Morgan Stanley e a Goldman Sachs tomaram a iniciativa de abandonar a
independência (e a conseqüente regulação bem mais frouxa, quando
não inexistente) para se tornarem
bancos também. O "New York Times" diz que o pedido é o reconhecimento de que "seu modelo de finanças e investimento tinha se tornado demasiado arriscado e que necessitavam do colchão de depósitos
bancários".
Será que agora o Brasil e seus
analistas vão abandonar o complexo de vira-lata (apud Nelson Rodrigues) e deixar de abanar o rabinho
ante as miçangas oferecidas pelos
colonizadores, no caso, os colonizadores financeiros?
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva teve um orgasmo quando o
Brasil foi alçado a "investment grade", palavra que ele disse nem saber
pronunciar direito. Mas era a "declaração", segundo Lula, de que o
Brasil "é um país sério".
Bobagem, Lula. O pessoal que diz
quem é e quem não é "investment
grade" não viu (ou viu, mas ficou
quieto, o que é suspeito) todas essas
grandes e históricas firmas financeiras deixarem de ser sérias até o
ponto de quebrarem.
Outra coisinha: foi o pessoal da
Goldman Sachs quem inventou a sigla Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) para designar as supostas potências mundiais do ano 2020. Se
não enxergaram os riscos que corriam em 2007/2008, serão capazes
de enxergar lá longe?
A crise deixou evidente que acreditar nessa gente é acreditar em
duendes. Prefiro jogar os búzios ou
consultar cartomantes.
crossi@uol.com.br
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