São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2008

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ELIANE CANTANHÊDE

As tropas de Napoleão

BRASÍLIA - Tudo faz sentido. Nos EUA, onde as pessoas perdem suas casas e são chamadas a pagar a conta da crise financeira, Bush vai ladeira abaixo. Já no Brasil, o Ipea informa que 13,8 milhões pularam de faixa social entre 2001 e 2007. A aprovação do governo beira os 70%, e a popularidade de Lula bate recordes, a caminho dos 80%. O efeito Lula nas eleições municipais é óbvio. E a capacidade dele de transferir votos em 2010 e emplacar o sucessor? Pelo andar da carruagem e das pesquisas, a tese do terceiro mandato vai recrudescer e ele terá dois caminhos: ou se render às pressões da companheirada e à própria coceira continuísta, ou tentar se transformar no principal, talvez decisivo, cabo eleitoral.
Dilma Rousseff, potencial beneficiária dessa herança, teve apenas 1,9% das manifestações espontâneas da pesquisa CNT-Sensus de ontem, mas isso quer dizer pouco a dois anos da eleição. O importante, por ora, é que ela é a primeira entre os presidenciáveis lulistas, atrás só dos tucanos José Serra, favorito, e Aécio Neves, em segundo.
Comparação: em Belo Horizonte, a candidata Jô Moraes, do PC do B, disparou nas primeiras pesquisas, mas, com a propaganda eleitoral e a força do governo do Estado e da prefeitura, passou a comer poeira.
Márcio Lacerda, PSDB-PT-PSB, assumiu a liderança.
Outra: em Recife, dez entre dez transeuntes apostavam que o ex-governador Mendonça Filho, do DEM, estava virtualmente eleito.
Mas o poder de Lula, do governador Eduardo Campos (PSB) e do prefeito João Paulo (PT) são irresistíveis, e o petista João da Costa, um desconhecido, já prepara a posse.
Dilma está hoje como Lacerda e Costa no início da campanha, tranqüilona, esperando sentada a chegada das tropas de Napoleão. Sentada, diga-se, em cima do pré-sal, do PAC, do Bolsa Família e dos quase 80% de Lula. Para pânico da oposição, ou ele se elege, ou pode eleger até um poste. Mais um, ou uma.

elianec@uol.com.br



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