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SERGIO COSTA
Carraspana federal
RIO DE JANEIRO - Alan Greenspan, ex-presidente do Federal Reserve, é apontado como um dos pais
desta crise. Na sua gestão, o Fed começou a baixar juros para empurrar a economia dos EUA depois do
crack de 1987 em Wall Street.
Aquela crise, mãe da atual, caiu
no colo de Greenspan, recém-empossado chairman do Banco Central americano. No dia em que a
Bolsa perdeu 508 pontos (22,6%)
de uma vez, ele voava da capital para o Texas. Só soube o tamanho do
pepino ao desembarcar. A comunicação móvel ainda engatinhava.
Ele conta, do seu ponto de vista, o
terremoto do mercado naquele ano
no livro "A Era da Turbulência". "A
função do Fed durante situações de
pânico no mercado de ações é evitar
a paralisia financeira -estado caótico em que as empresas e os bancos
suspendem pagamentos devidos
uns aos outros", explica.
Para evitar a paralisia, o Fed comprou bilhões em títulos do Tesouro
no mercado, aumentando a liqüidez, e começou a derrubar juros,
para movimentar a economia, facilitando ainda mais o crédito.
Os EUA se recuperaram nos anos
90. Ao fim da década, tudo caminhava tão bem que Greenspan, conta no livro, costumava, ao acordar,
dizer para si mesmo diante do espelho: "Lembre-se, isso é temporário.
Não é assim que o mundo deve funcionar", beliscava-se.
Sobre pressões políticas, Greenspan cita William McChesney Martin Jr., outro ex-charmain do banco: "O papel do Fed é parar de servir
bebidas quando a festa está começando a esquentar". O problema,
parece, é quando o Fed gosta da festa. Greenspan se aposentou aos 80
anos, em 2006, após quase duas décadas pilotando o caixa do planeta.
Se errou ou não na dose nesse período, a história ainda vai dizer. A
conta bilionária da farra financeira,
no entanto, coube ao seu sucessor
apresentar aos americanos.
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