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CLÓVIS ROSSI
Globalização em espanhol
MADRI - O jornal espanhol "El
País" aproveitou sua reforma (gráfica e na disposição das seções) para
introduzir um novo "slogan": "O
jornal global em espanhol".
É ousado porque, até aqui, globalização se escreve em inglês, goste-se ou não, fale-se ou não.
Ousado também porque, há apenas 32 anos, um nada em termos
históricos, a Espanha ainda era
uma ditadura isolacionista, que fazia de tudo para impedir que os
ventos democráticos atravessassem os Pirineus.
Hoje, seu principal jornal tenta
ser global em espanhol, no que é
apenas surfar nas altas ondas levantadas pela nova invencível armada
espanhola, formada por um conjunto de multinacionais que não
cansa de se espalhar pelo mundo.
Tanto que, no primeiro semestre,
49,3% das receitas das 35 maiores
empresas da Espanha vieram do
exterior.
Prova de que é possível, sim, aos
países darem saltos, em vez de apenas caminharem, em geral lentamente, como ocorre no Brasil.
O Brasil, aliás, é testemunha ocular do salto: o Santander, navio-insígnia da armada, nem estava no
"grid" de largada financeiro em
2000. Hoje, com a incorporação do
Real, está no pódio.
Não seria melhor para o Brasil se
uma empresa brasileira ganhasse a
concessão de estadas na Espanha
em vez de dar-se o contrário?
Nesse ponto, aliás, louve-se o
presidente Lula: cansei de ouvi-lo
cobrar, em fóruns empresariais, a
transformação em multinacionais
das empresas caboclas. Se dá ou não
com as condições presentes (ou
passadas) de temperatura e pressão
é outra conversa.
Minha viagem à Espanha, aliás, é
outra demonstração da "globalização em espanhol": o convite é da
Fundação Carolina, financiada pelo
governo (2/3) e, o terço restante,
pela invencível armada. É o braço
do governo/empresas para a integração com a América Latina.
crossi@uol.com.br
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