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ELIANE CANTANHÊDE
Remake
BRASÍLIA - Jader Barbalho foi
presidente do Senado e enrolou-se
com rãs, verbas da Sudam, fortunas
inexplicáveis. Foi obrigado a renunciar ao mandato para sobreviver. Sobreviveu. Preservou os direitos políticos, elegeu-se deputado e
-pode anotar aí- vai voltar ao Senado com apoio do PT. Eis o quebra-cabeça de 2010 no Pará: Jader
precisa do PT para se eleger senador; o PT precisa de Jader para reeleger a governadora Ana Júlia.
Jader é o que se chamava de "animal político". Esperto, com forte
senso de autopreservação, uma fera
quando necessário. Deixou o pau
comendo na polícia e na Justiça e
voltou ao Congresso. Longe dos holofotes e dos plenários, refugiou-se
nos bastidores e aproximou-se do
PT, onde vislumbrou sua porta de
saída da crise e de reentrada no poder. Foi ativo articulador do casamento do seu partido, o PMDB,
com o governo Lula.
As habilidades de Jader contaram muito, mas o ato decisivo da
volta por cima foi um velho artifício
da impunidade: a renúncia. Se o sujeito é cassado, fica anos fora de cena e murcha. Se renuncia, volta, lépido e fagueiro. Jader tentou resistir, mas acabou renunciando. Saiu
da mídia e preservou os direitos políticos. Saiu pelos fundos para voltar pela frente nas eleições. Voltou.
Renan Calheiros também é do
PMDB, chegou à presidência do Senado e virou o alvo número um das
denúncias políticas, mas não
aprendeu a lição de Jader. Resistiu
durante meses, pediu uma "licença" tardia da presidência e se recusa
a ver o que todos os seus principais
aliados, inclusive José Sarney, já viram: ou renuncia já ao mandato ou
será cassado, proibido de disputar
eleições e obrigado a virar fazendeiro de fato e na marra.
Como ex-senador, pela renúncia
ou pela cassação, Renan ainda poderá ter enorme surpresa: Jader
Barbalho tentando voltar à presidência do Senado. Ninguém merece, mas que pode, pode.
elianec@uol.com.br
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