São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2010

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Editoriais

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Descontrole aéreo

Os problemas do setor aéreo no Brasil se sucedem numa novela sem fim, na qual a incompetência e a procrastinação governamentais são as protagonistas da ação -ou melhor, da inação, pois é disso que se trata. Além da ineficiência dos aeroportos, que permanecem muito aquém das necessidades do país, persiste a falta de controladores de tráfego aéreo.
O Brasil conta atualmente com 3.114 desses profissionais em atividade. São quase 900 a menos do que a meta fixada pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) em abril de 2008. Naquela ocasião, um ano depois de uma grave crise no setor, o Comando da Aeronáutica anunciou que planejava chegar em 2010 com 4.000 controladores.
Nesta semana, questionado pela reportagem da Folha sobre o descumprimento do objetivo, o Ministério da Defesa, 20 dias depois, respondeu que o Decea desconhecia a "suposta meta" de 4 mil controladores. Não é de espantar, pois, como é comum nessas ocasiões, promessas são feitas para acalmar a opinião pública, mas não tardam ser esquecidas. O mesmo deu-se com a abertura de capital da Infraero e o terceiro aeroporto de São Paulo, mencionados em 2007 pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Depois de a reportagem enviar a comprovação da "suposta meta" ao ministério, a promessa foi, enfim, reconhecida pelas autoridades. Entraram em cena, então, as tergiversações de praxe.
Em resumo, o governo considera que não há risco para a segurança, embora "hipoteticamente", no caso de haver menos controladores do que o necessário, "a consequência seria um número de voos menor que o demandado pelo mercado". É o que na prática que já acontece.


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