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Todos contra todos
NÃO SURPREENDE a constatação de que o Irã ignorou
a ordem do Conselho de
Segurança da ONU para suspender seu programa de enriquecimento de urânio. Logo depois de
aprovada a resolução do CS, no
fim de dezembro, o presidente
do país, o extremista Mahmoud
Ahmadinejad, disse que sua resposta seria iniciar "as atividades
na usina de Natanz com a instalação de 3.000 centrífugas".
Findo o prazo de 60 dias dado
pelas Nações Unidas, a planta
subterrânea instalada 200 km ao
sul de Teerã está prestes a tornar
ativo o seu primeiro milhar de
centrífugas, relatou a AIEA (órgão da ONU para a energia atômica). Com a produção anual de
3.000 delas, o país xiita poderia
obter urânio altamente enriquecido para uma arma atômica.
Pelas informações disponíveis,
no entanto, o Irã estaria a pelo
menos cinco anos de produzir algum arsenal nuclear, por conta
de deficiências tecnológicas e industriais. O fato deveria ser levado em conta pelos membros permanentes do Conselho de Segurança, que começarão na segunda-feira a debater uma nova resolução contra Teerã.
Há um bom tempo se especula
sobre supostos planos da administração George W. Bush para
atacar o Irã. Israel, outro adversário do regime xiita, também estaria a cada dia mais propenso a
desfechar um "ataque preventivo" -como o bombardeio que
destruiu o reator nuclear de Osirak, no Iraque, em 1981.
Poucas atitudes teriam capacidade de agravar a situação do
Oriente Médio -uma delas seria
a ofensiva militar alvejando o
Irã, que transformaria a região
no palco de uma guerra de todos
contra todos. Dissuadir Israel de
atacar o Irã e ao mesmo tempo
aumentar a dose das sanções diplomáticas contra o país asiático
é a via mais sensata a seguir.
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