São Paulo, sábado, 24 de fevereiro de 2007

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Todos contra todos

NÃO SURPREENDE a constatação de que o Irã ignorou a ordem do Conselho de Segurança da ONU para suspender seu programa de enriquecimento de urânio. Logo depois de aprovada a resolução do CS, no fim de dezembro, o presidente do país, o extremista Mahmoud Ahmadinejad, disse que sua resposta seria iniciar "as atividades na usina de Natanz com a instalação de 3.000 centrífugas".
Findo o prazo de 60 dias dado pelas Nações Unidas, a planta subterrânea instalada 200 km ao sul de Teerã está prestes a tornar ativo o seu primeiro milhar de centrífugas, relatou a AIEA (órgão da ONU para a energia atômica). Com a produção anual de 3.000 delas, o país xiita poderia obter urânio altamente enriquecido para uma arma atômica.
Pelas informações disponíveis, no entanto, o Irã estaria a pelo menos cinco anos de produzir algum arsenal nuclear, por conta de deficiências tecnológicas e industriais. O fato deveria ser levado em conta pelos membros permanentes do Conselho de Segurança, que começarão na segunda-feira a debater uma nova resolução contra Teerã.
Há um bom tempo se especula sobre supostos planos da administração George W. Bush para atacar o Irã. Israel, outro adversário do regime xiita, também estaria a cada dia mais propenso a desfechar um "ataque preventivo" -como o bombardeio que destruiu o reator nuclear de Osirak, no Iraque, em 1981.
Poucas atitudes teriam capacidade de agravar a situação do Oriente Médio -uma delas seria a ofensiva militar alvejando o Irã, que transformaria a região no palco de uma guerra de todos contra todos. Dissuadir Israel de atacar o Irã e ao mesmo tempo aumentar a dose das sanções diplomáticas contra o país asiático é a via mais sensata a seguir.


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