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Reprovação precoce
A REPROVAÇÃO de 79 mil
crianças de 6 anos no primeiro ano do ensino -ou
3,5% dos inscritos na série em
2008- não chega a ser preocupante, mas traz um alerta. O fenômeno sugere que em algumas
localidades a extensão do ensino
fundamental para nove anos pode ter sido mal compreendida
como obrigatoriedade de alfabetizar um ano antes do que se devia fazer até então, aos 7.
A ampliação desse período de
escolarização mínima e obrigatória é positiva. Ela serve para
dar oportunidade a crianças
mais pobres, que frequentam as
redes públicas de ensino, de receber um mínimo de preparação
para alfabetizar-se, como costuma ocorrer nas escolas privadas.
O novo primeiro ano, assim,
pode servir para facilitar ou até
iniciar a alfabetização. Não faz
sentido, contudo, exigir proficiência dos alunos quando ainda
estão em fase de adaptação ao
universo pedagógico. Qualquer
educador sabe que parcela das
crianças de 6 anos ainda não está
pronta para o letramento.
Reprová-las já no início da escolarização cria um estigma. Há
estudos mostrando que alunos
reprovados tendem a obter notas
piores nas séries subsequentes e
apresentam maior inclinação a
abandonar a escola. E a taxa de
reprovação no ensino fundamental como um todo já é alta
(12% em 2008), similar à de países como Cabo Verde, Guatemala, Marrocos e Camboja.
Por fim, o desvio se mostra
mais acentuado nas regiões Nordeste (5,2% de reprovação de
crianças de 6 anos) e Norte
(4,1%). Justamente ali onde as
redes municipais e estaduais enfrentam maiores dificuldades, e
o ensino é mais deficiente.
Cabe ao Ministério da Educação explicitar que a alfabetização
não é imprescindível no primeiro ano e fomentar a capacitação
de mestres e dirigentes para lidar
com a nova clientela.
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