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ELIANE CANTANHÊDE
Construir e desconstruir
BRASÍLIA - Alckmin se empenha para construir fortes apoios na vertical e
na horizontal enquanto o governo se
empenha para desconstruir sua imagem tão impecável.
Na vertical, Alckmin faz tudo para
ter palanques sólidos em São Paulo,
com José Serra, em Minas, com Aécio
Neves, e no Rio, com César Maia
(PFL). César ainda reluta. No Rio, ao
contrário de São Paulo, ser prefeito
pode ser melhor do que governador.
Na horizontal, Alckmin tenta articular uma aliança PSDB, PFL e
PMDB em São Paulo para: 1) tentar
asfixiar o PT no seu principal reduto;
2) abrir a porteira do apoio informal
de parte do PMDB nacional.
O PFL topa. Serra deixa a prefeitura para Kassab, e Afif Domingos aceita ser vice na chapa de Serra. Abre
mão de concorrer ao Bandeirantes e
ao Senado, neste caso para facilitar
entendimentos dos tucanos com
Quércia -que é disputado também
pelo PT e por Lula.
Com palanques fortes no eixo Rio-Minas-São Paulo e um acordo paulista dos três grandes partidos, Alckmin terá uma largada considerável
para a sucessão. Mas... é preciso combinar com o adversário.
Na avaliação de petistas do governo e do Congresso, Serra já disputou
a Presidência e seus flancos são bastante conhecidos, enquanto Alckmin
é uma incógnita também nisso.
Lula chega à eleição com o "lombo
curtido". O que se poderia dizer mais
além de tudo o que já apareceu? Já
Alckmin é o chuchu -bonzinho, certinho, bem casadinho, avozinho, eficientezinho -, preservado até agora
pela distância de Brasília.
Qualquer coisa que se diga de Lula
tem pouco efeito. Qualquer coisa que
se diga de Alckmin pode fazer bom
estrago. Para governistas, basta espalhar que tem unha encravada para
virar surpresa, primeiro, desânimo,
depois, e desilusão, por último.
O governo procura com lupa a
unha encravada, e é como se diz no
interior: "Eleição é nós contra eles. Se
nós tem defeito, nós tira; se eles não
têm, nós põe". Às vezes cola.
@ - elianec@uol.com.br
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