São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 2006

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ELIANE CANTANHÊDE

Construir e desconstruir

BRASÍLIA - Alckmin se empenha para construir fortes apoios na vertical e na horizontal enquanto o governo se empenha para desconstruir sua imagem tão impecável.
Na vertical, Alckmin faz tudo para ter palanques sólidos em São Paulo, com José Serra, em Minas, com Aécio Neves, e no Rio, com César Maia (PFL). César ainda reluta. No Rio, ao contrário de São Paulo, ser prefeito pode ser melhor do que governador.
Na horizontal, Alckmin tenta articular uma aliança PSDB, PFL e PMDB em São Paulo para: 1) tentar asfixiar o PT no seu principal reduto; 2) abrir a porteira do apoio informal de parte do PMDB nacional.
O PFL topa. Serra deixa a prefeitura para Kassab, e Afif Domingos aceita ser vice na chapa de Serra. Abre mão de concorrer ao Bandeirantes e ao Senado, neste caso para facilitar entendimentos dos tucanos com Quércia -que é disputado também pelo PT e por Lula.
Com palanques fortes no eixo Rio-Minas-São Paulo e um acordo paulista dos três grandes partidos, Alckmin terá uma largada considerável para a sucessão. Mas... é preciso combinar com o adversário.
Na avaliação de petistas do governo e do Congresso, Serra já disputou a Presidência e seus flancos são bastante conhecidos, enquanto Alckmin é uma incógnita também nisso.
Lula chega à eleição com o "lombo curtido". O que se poderia dizer mais além de tudo o que já apareceu? Já Alckmin é o chuchu -bonzinho, certinho, bem casadinho, avozinho, eficientezinho -, preservado até agora pela distância de Brasília.
Qualquer coisa que se diga de Lula tem pouco efeito. Qualquer coisa que se diga de Alckmin pode fazer bom estrago. Para governistas, basta espalhar que tem unha encravada para virar surpresa, primeiro, desânimo, depois, e desilusão, por último.
O governo procura com lupa a unha encravada, e é como se diz no interior: "Eleição é nós contra eles. Se nós tem defeito, nós tira; se eles não têm, nós põe". Às vezes cola.

@ - elianec@uol.com.br


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