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NELSON MOTTA
O toque feminino
RIO DE JANEIRO - Acredito e confio mais nas mulheres do que nos homens na política, na administração e
na magistratura. Trabalham mais e
roubam menos, fiscalizam melhor,
são mais econômicas e têm mais espírito público.
Vejam a ministra Dilma Rousseff,
que pôs ordem na Casa Civil, é trabalhadeira e incorruptível, respeitada
por adversários e odiada por lobistas,
clientelistas e politiqueiros. Ou a ministra Ellen Gracie, vejam seus votos
e os dos seus colegas machos.
Mas, apesar do poder que têm, as
melhores e as piores, de Rosinha a
Marta, gostam de atribuir ao machismo tudo que contraria sua verdade, sua vontade ou suas contas. Fica
parecendo coisa de "mulherzinha".
Já a maioria da Câmara -que é
formada por uma maioria de homens- continua absolvendo corruptos, emporcalhando a ética e desmoralizando as instituições democráticas. Isso não é papel de homem.
E renunciar para escapar à cassação?
Nas CPIs, como acusadas ou testemunhas, elas mentiram menos e foram mais dignas do que os homens.
Nenhuma parlamentar foi acusada
de mamar no valerioduto. Na Comissão de Ética, a deputada Guadagnin,
estoicamente, fez tudo para adiar o
inevitável, como uma mater dolorosa, uma bondosa vovozinha, uma fada madrinha dos acusados.
Vejam a vigorosa senadora Salvatti, com que entrega e amor se oferece
em holocausto à causa, pagando micos constrangedores em defesa do
partido, lutando por correligionários
como se fossem filhos.
Tenho imensa simpatia, muitos
têm, pela senadora Heloísa Helena,
uma mulher honesta, sincera e corajosa. Mas morro de medo de sua ferocidade, como todos, e, principalmente, de seu programa de governo, que
sonha o Brasil como uma grande Cuba ou a Albânia de Enver Hoxa.
É, os homens estão mesmo por baixo, mas já não sei se as mulheres estão com essa bola toda. Pelo menos
na política.
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