São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 2006

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NELSON MOTTA

O toque feminino

RIO DE JANEIRO - Acredito e confio mais nas mulheres do que nos homens na política, na administração e na magistratura. Trabalham mais e roubam menos, fiscalizam melhor, são mais econômicas e têm mais espírito público.
Vejam a ministra Dilma Rousseff, que pôs ordem na Casa Civil, é trabalhadeira e incorruptível, respeitada por adversários e odiada por lobistas, clientelistas e politiqueiros. Ou a ministra Ellen Gracie, vejam seus votos e os dos seus colegas machos.
Mas, apesar do poder que têm, as melhores e as piores, de Rosinha a Marta, gostam de atribuir ao machismo tudo que contraria sua verdade, sua vontade ou suas contas. Fica parecendo coisa de "mulherzinha".
Já a maioria da Câmara -que é formada por uma maioria de homens- continua absolvendo corruptos, emporcalhando a ética e desmoralizando as instituições democráticas. Isso não é papel de homem. E renunciar para escapar à cassação?
Nas CPIs, como acusadas ou testemunhas, elas mentiram menos e foram mais dignas do que os homens. Nenhuma parlamentar foi acusada de mamar no valerioduto. Na Comissão de Ética, a deputada Guadagnin, estoicamente, fez tudo para adiar o inevitável, como uma mater dolorosa, uma bondosa vovozinha, uma fada madrinha dos acusados.
Vejam a vigorosa senadora Salvatti, com que entrega e amor se oferece em holocausto à causa, pagando micos constrangedores em defesa do partido, lutando por correligionários como se fossem filhos.
Tenho imensa simpatia, muitos têm, pela senadora Heloísa Helena, uma mulher honesta, sincera e corajosa. Mas morro de medo de sua ferocidade, como todos, e, principalmente, de seu programa de governo, que sonha o Brasil como uma grande Cuba ou a Albânia de Enver Hoxa.
É, os homens estão mesmo por baixo, mas já não sei se as mulheres estão com essa bola toda. Pelo menos na política.


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