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AGÊNCIAS EM CURTO
Na crise energética atual, é
preciso ir além da mera culpabilização do governo federal.
As agências reguladoras são um
exemplo de esfera pública que, não
sendo propriamente estatal, ainda
não foi devidamente implementada
no país. Em tese, essas agências poderiam ter mais autonomia frente ao
governante de plantão.
É motivo de polêmica, por exemplo, a opção pela criação na área de
energia de duas agências, uma para
supervisionar o setor de eletricidade,
outra para o de petróleo. Se tais setores são complexos e gigantescos, é
cada vez mais clara a necessidade de
uma articulação íntima entre todas
as áreas que compõem a matriz energética de um país.
Ao contar com duas agências, no
entanto, o que se observa no caso
brasileiro são mais desencontros,
mais burocracia, menos espaço para
políticas integradas e consistentes.
Aliás, como explicar a surpresa das
autoridades com a crise, senão constatando que as agências foram incapazes de fazer alertas em tempo?
Afinal, é até compreensível que um
governante atue com visão curta,
pensando no máximo na sua reeleição. Mas talvez tenha sido para tentar compensar a politicagem no Executivo que foram criadas as agências
de regulação. Em tese elas buscariam
estratégias com horizonte de longo
prazo.
A multiplicidade de agências dá
margem também a suspeitas de que,
em vez de eficiência e regulação, haja
manobras e favorecimentos.
O fato de a ANP (Agência Nacional
do Petróleo) ser comandada pelo
genro do presidente da República,
por exemplo, tem criado desconforto, dando margem a um ceticismo
ainda maior quanto à capacidade da
agência efetivamente criticar ou mesmo opor-se a diretrizes emanadas diretamente do presidente FHC.
As agências de regulação de infra-estrutura continuam sujeitas a pressões de curto prazo, de duvidosa racionalidade estratégica, como demonstra a surpresa geral com o colapso da matriz energética brasileira.
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