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CORRUPÇÃO SEM FIM
É sempre uma tarefa difícil aferir o grau de corrupção de um
país ou de uma administração pública. O mais perto que se pode chegar é
medir a percepção da corrupção, como o faz a organização não-governamental Transparência Internacional
com base em questionários aplicados a agentes econômicos que
atuam em diversos países.
O levantamento de 2003 mostrou
que a imagem do Brasil permaneceu
inalterada nos últimos seis anos, em
patamares "relativamente altos" de
corrupção. O índice classifica o grau
de corrupção dos países numa escala
de 0 a 10, na qual 10 corresponde ao
menor grau de corrupção percebido
e 0 ao maior grau. O índice brasileiro
é 3,9. A pesquisa, obviamente, é indicativa e tem aspectos que podem ser
questionados.
É inquestionável, porém, que a corrupção e a fraude no país são um grave problema. Basta abrir as páginas
dos jornais para constatá-lo. Dois casos de monta chamaram a atenção
na semana passada: as irregularidades na varrição e coleta de lixo em
São Paulo e o escândalo envolvendo
empresas e funcionários do Ministério da Saúde em licitações fraudulentas para compra de hemoderivados.
Como de costume, o que se observa é o conluio entre funcionários governamentais e representantes da
iniciativa privada, com vistas à rapinagem do dinheiro público. É evidente que os casos devem ser apurados com rigor e os responsáveis punidos. Nada mais nocivo nesses casos do que a sensação de impunidade. O que mais inquieta, porém, é a
hipótese, mais do que provável, de
que esses casos de grande repercussão são apenas a ponta do iceberg.
A conquista de um estágio mais ético e transparente não é algo que se
obtenha de uma hora para a outra.
Para que se possa caminhar em sua
direção, é preciso que o poder público e a sociedade não transijam com a
deletéria cultura das comissões, dos
"jeitinhos" e dos golpes contra o patrimônio público que, lamentavelmente, ainda graça no país.
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