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INSENSATEZ NA SAÚDE
"Cada um tem o seu método,
como cada um tem a sua
loucura; apenas estimamos cordato
aquele cuja loucura coincide com a
da maioria." A frase acima é do filósofo espanhol Miguel de Unamuno
(1864-1936). São, de fato, pouco claros os limites entre a insensatez e a
normalidade. Essas considerações
são interessantes, mas não bastam
para extinguir a fronteira entre a insânia e o juízo. Podem-se discutir
sempre casos limítrofes, mas existem níveis em que o caráter patológico de uma afecção se torna inegável.
Prova-o o fato de que pacientes que
sofrem de determinados distúrbios
psiquiátricos respondem muito bem
a medicamentos que restauram a
química do cérebro.
Os rápidos avanços no campo da
psicofarmacologia, porém, ainda estão muito longe de poder proporcionar uma vida normal para todos os
doentes mentais -o que talvez nunca venha a ocorrer. Mesmo assim, é
um fato incontestável que a grande
maioria dos pacientes psiquiátricos
não precisa passar a vida metido
num leito hospitalar. Mesmo em casos considerados graves, doentes
mentais podem receber tratamento
ambulatorial e morar com suas famílias ou em residências terapêuticas.
Freqüentemente, tirá-los dos hospitais resulta em rápida melhora. É
preciso, portanto, caminhar para
que leitos psiquiátricos sejam trocados por estruturas mais modernas e
humanas de atendimento.
Nesse quadro, são preocupantes
manifestações como as da Fesehf
(Federação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas do Estado de São Paulo)
de que se deve reduzir o ritmo do fechamento das vagas para pacientes
psiquiátricos porque as instituições
necessitam dessas receitas -repassadas pelo SUS- para sobreviver.
Por mais difícil que seja definir a
loucura, não há dúvida de que é um
caso de insensatez manter internado
sem necessidade um doente apenas
para tentar garantir a saúde financeira do hospital.
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