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VINICIUS TORRES FREIRE
O primeiro turno de 2006
SÃO PAULO - José Serra lidera o páreo da eleição paulistana, é de longe o
menos rejeitado dos candidatos que
contam e bate a todos num segundo
turno, diz o Datafolha. Mas os tucanos devem colocar as carecas de molho, pois a eleição não começou. Por
ora, está aberto só o mercado de coalizões, de tempo de TV e de aluguel de
candidatos nanicos.
Os eleitores se ocupam do voto lá
por agosto. Fazem-no tanto mais perto da eleição quanto mais velha fica a
democracia, quanto menor a expectativa de que a escolha de governos se
reflita em mudanças na vida real e
menor a ansiedade de varrer o sistema político motivada por explosões
de penúria. É o nosso caso. "A aparência das coisas coagulou-se em desesperado hiato", como dizia um verso de Jorge de Lima.
Eleição é rotina (a de outubro será
a 11ª pós-ditadura). Há tranqüilidade institucional (Collor caiu faz 12
anos). A ruína econômica tem sido
gradual, em vez das hecatombes recessivas de 1981-83 e 1990-92.
Ainda não dá para apostar nos cavalos, mas o Datafolha diz coisas. Os
mais ricos e instruídos é que fazem
Serra bater Marta Suplicy e Paulo
Maluf (no voto dos pobres, os três empatam). Se a direita deixar a disputa,
Serra recolhe seus votos.
Marta terá para mostrar escolas e
ônibus melhores, muita bolsa de assistência social e avenidas novas para
os ricos, que parecem irritados com a
prefeita. O "Martaxa", justo ou injusto, pegou ou já será o efeito Lula?
Será divertido ver tucanos e petistas
se acusarem de estelionato eleitoral
-será tudo verdade. Mas a mentira
do PT está mais fresca, assim como
mais podre seu odor de santidade,
seus corruptos federais, seus amigos
em ONGs e consultorias agregadas às
suas prefeituras, aquelas conquistadas na onda rosa de 2000.
Serra pode fingir que nada tem a
ver com desastres da década tucana e
terá de responder pelo crime na cidade, pois a polícia é de Alckmin.
A não ser que o governo Lula ressuscite ou o povo resolva explodir,
duas improbabilidades, é assim que
começam em São Paulo duas eleições: 2004 e 2006.
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