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Ceder na USP
A DECISÃO dos professores
da USP de aderir ao movimento de alunos e servidores paralisando suas atividades agrava a crise na instituição.
Todo o episódio tem-se revelado
pouco abonador para o governo
do Estado e para a universidade,
que deram repetidas mostras de
excessos, falhas de comunicação
e incapacidade para negociar.
Professores e alunos estão corretos ao defender a autonomia
universitária. Erram ao fazê-lo
por meios ilegais -a invasão da
reitoria e o desacato à decisão da
Justiça de desocupá-la. A saída
pacífica do prédio é o que se deve
esperar dos estudantes.
Também o governo de José
Serra (PSDB) apresenta um argumento respeitável quando
afirma que a autonomia administrativa não pode ser confundida com cheque em branco. A
universidade deve, como qualquer instituição pública, prestar
contas de cada tostão nela investido -e há boas razões para acreditar que a gestão de seus recursos poderia ser mais transparente, criteriosa e eficaz.
O Bandeirantes, entretanto,
não se mostrou capaz de esclarecer seus propósitos no decorrer
da crise. Até agora as autoridades
estaduais não conseguiram justificar, ou ao menos tornar compreensíveis a série de decretos e
determinações interpretados como atentatórios à autonomia.
Primeiro foi a tentativa frustrada de investir o titular da recém-criada Secretaria de Ensino
Superior, José Aristodemo Pinotti, na presidência do conselho
de reitores. Em seguida, veio um
contingenciamento temporário
de verbas, logo revertido. Depois,
a ordem para que as universidades registrassem diariamente
seus gastos no Sistema Integrado de Administração Financeira
para Estados e Municípios.
Desarmar o impasse vai exigir
que os dois lados cedam. Do governo, deve-se pedir sobretudo
clareza de propósitos; dos alunos
e professores, que desocupem a
reitoria e retomem as aulas.
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