BRASÍLIA - As relações promíscuas entre políticos e empresários reveladas pela Operação Navalha levaram diversos leitores a enviar mensagens lembrando o velho dito popular: "Diga-me com quem tu andas, e eu direi quem tu és".
Reação a declarações de políticos que admitiram conhecer Zuleido Veras, dono da empreiteira acusada pela PF de liderar um esquema de fraudes, mas garantiram nunca ter feito negócio com ele.
Irritados, leitores comentaram achar inconcebível um político se relacionar com gente desse tipo e não saber ou não suspeitar das atividades ilícitas do empresário.
Aí está o perigo e o deleite, para muitos, da vida política. Perigo porque a tendência é generalizar. Mas nem todos os que estiveram algumas vezes ao lado do empresário podem ser acusados de envolvimento em suas maracutaias.
Deleite porque, por outro lado, há muitos que sabem exatamente com quem estão andando. Nesse grupo, há os que fazem vistas grossas e adoram conviver com essa turma para se sentir parte do poder.
Outros são alegres coniventes. Têm poder para vetar, obstar, denunciar atos ilícitos de corruptores, mas fazem uso dessas relações para armar suas teias em Brasília. Por último, há sócios e beneficiários desses esquemas. Muitos, pelo que a PF investigou.
Não é possível contemporizar com nenhuma dessas três categorias. Cada uma tem sua parcela de responsabilidade na manutenção dessas organizações criminosas que assaltam cofres públicos.
E, por falar em perigos da vida pública, recordo de um almoço com um ministro. De repente, foi abordado por um sujeito pedindo para tirar uma foto a seu lado.
Registro feito, pergunto se ele conhece a figura. "Não", foi a resposta. E se for um daqueles corruptos? Vai que a PF descobre essa foto, está feita a ligação. "Não pensei nisso, agora é tarde." Até hoje não vi a foto, e o tal ministro já se foi, com a reputação limpa.


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