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MELCHIADES FILHO
Os distritos de Kassab
BRASÍLIA - Ainda pouco reconhecido pelo eleitorado, já que virou prefeito sem ter recebido um
voto, Gilberto Kassab precisa do
máximo de exposição para fixar
uma imagem (por ora não se sabe
qual) e grudar o nome à sua administração, em geral bem avaliada
pelo paulistano. Mas talvez não seja
apenas pelo tempo adicional na
propaganda da TV que ele persiga
tantas alianças partidárias.
Ao se acertar com PMDB, PR, PV
e setores do PSDB, o demista também engaja em sua campanha todas
as forças políticas que detêm um
naco da máquina municipal.
Kassab desde o princípio compôs
com caciques de cada região da cidade. O PMDB pôde preservar
áreas de influência na zona sul; o
PR, na zona leste... daí por diante.
Isso possibilitou ao prefeito:
1) obter a adesão e o silêncio dos
vereadores na Câmara (importante
para quem caía de pára-quedas);
2) ganhar apoio local a obras ou
outras intervenções da prefeitura
(fundamental para quem pretendia
se consagrar como "gestor");
3) fazer contraponto às células do
PT (ciente de que o partido viria
com tudo, e com Marta Suplicy, para retomar a cidade em 2008).
Esse jeito "distrital" de governar,
conscientemente ou não, estará associado à campanha da reeleição.
Eventos organizados por um "comitê central", como carreatas e comícios, não surtem em São Paulo o
efeito imaginado. O eleitor percebe
o descompromisso do aperto de
mão, do cafezinho, do discurso.
A presença no dia-a-dia do ator
político, ou de um representante
dele, é que faz diferença. Uns chamam isso de toma-lá-dá-cá; outros,
de administração participativa.
A mudança de perfil da Câmara,
com mais vereadores identificados
com um único reduto e menos eleitos pelo "voto de opinião", é um sintoma dessa realidade política.
A aprovação a Kassab em franjas
da periferia e sua surpreendente
viabilidade eleitoral são outros.
mfilho@folhasp.com.br
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