São Paulo, quarta-feira, 24 de junho de 2009

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Editoriais

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Direito à própria história

TEM RAZÃO o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, ao dizer que o país tem direito à verdade. Um quarto de século após o enterro da ditadura militar, parte de seu legado permanece oculto dos olhos da nação.
O pronunciamento veio a propósito da questão dos mortos do Araguaia, foco de guerrilha comunista esmagado entre 1972 e 1975. Trinta e quatro anos depois, é inadmissível que famílias e o público não disponham de informações oficiais inequívocas sobre o que aconteceu.
Não se trata só do caso Araguaia. Todos os arquivos do período ditatorial precisam ver a luz do dia e enfrentar o exame profissional por historiadores, com a perspectiva oferecida por décadas de distanciamento. Isso nada tem a ver com revanchismo; a Lei de Anistia está em vigor e assim deve continuar.
O governo federal comprometeu-se com a abertura dos acervos -ainda que, na legislação proposta sobre acesso a documentos oficiais, tenha mantido a brecha injustificável para o sigilo eterno. Segundo o Arquivo Nacional, só 15% dos órgãos da administração pública entregaram documentos guardados.
A manifestação do presidente do Supremo agrega densidade ao consenso sereno em favor do registro dos fatos, sobretudo por desvincular-se, definitivamente, de uma revisão da Lei de Anistia.


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