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Mais e melhores debates
O CÁLCULO político recomenda que candidatos a
cargos majoritários que
apareçam muito à frente de seus
adversários nas pesquisas eleitorais fiquem longe dos debates.
Segundo essa lógica, os favoritos
têm mais a perder e, por isso, devem evitar situações em que se
exponham demais.
O problema dessa perspectiva
é que ela fere o princípio republicano-democrático que pretende
oferecer ao eleitor elementos objetivos a partir dos quais ele deve
formar sua convicção. Um dos
mais valiosos deles são os debates, uma oportunidade em que os
candidatos aparecem como são,
sem o auxílio de trucagens fotográficas ou a edição de marqueteiros. Num debate o postulante
não apenas apresenta suas idéias
como também mostra como reage em situações que envolvem
algum grau de tensão -informação que pode ser útil ao eleitor.
Entre essas duas lógicas, deveria prevalecer a dos princípios.
Não será surpresa, porém, se
candidatos bem colocados nas
pesquisas, como o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, que almeja a reeleição, o governador de
Minas, Aécio Neves, que aspira a
mais quatro anos no cargo, ou o
ex-prefeito de São Paulo José
Serra, que pretende governar o
Estado, restringirem ao mínimo
sua agenda de debates.
A lei não favorece muito a promoção de encontros entre postulantes ao mesmo cargo. Exige
que os organizadores dêem tratamento semelhante a todos os
candidatos, embora eles não sejam iguais em representatividade. A barreira formal a debates
mais francos existe, mas com boa
vontade das assessorias das campanhas é possível contorná-la.
Candidatos e assessorias, aliás,
são responsáveis pelo tom maçante e avesso ao contraditório
dos poucos debates que há. Deveriam, a bem do eleitor, repensar sua estratégia e promover
mais e melhores debates.
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