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FERNANDO RODRIGUES
Mitos sobre Lula e Ciro
BRASÍLIA - Tem sido comum ouvir a seguinte observação a respeito do futuro do país no caso da vitória de Lula (PT) ou de Ciro Gomes (PPS): o
primeiro levará o país a uma crise
institucional pela falta de experiência; o segundo tem o mesmo problema, pois é de um partido pequeno,
sem base de apoio no Congresso.
Nenhuma dessas assertivas pode
ser dada como verdadeira.
No caso de Lula, é um fato a falta
de experiência administrativa na
Presidência da República. Mas hoje
existem apenas três ex-presidentes vivos (Sarney, Collor e Itamar). Experiência mesmo só esses têm -além
de FHC, que está inelegível depois de
dois mandatos consecutivos.
É possível que um governo petista
tenha problemas nos seus primeiros
seis meses. Mas é terrorismo puro
achar que os obstáculos iniciais possam levar, necessariamente, o país a
uma crise institucional.
No caso de Ciro Gomes, sua filiação
a uma sigla nanica é um argumento
ruim para pressupor que terá pouco
apoio no Congresso.
Para começar, Ciro é filiado ao
PPS. Gostemos ou não, o PPS tem como presidente o senador Roberto
Freire (PE), que em muito difere de
Daniel Tourinho (presidente do PRN,
partido de Collor em 89).
Também é notória a avalanche de
apoios que a candidatura de Ciro
tem recebido do centro e da direita
(ele diz já ter garantido, pelo menos,
240 deputados e 30 senadores). Pode-se argumentar que essa gente fará
pressão por demandas fisiológicas,
mas não que Ciro não disporá de
apoio se souber tourear aquilo que
for inaceitável.
Essas ponderações são necessárias,
porque alguns tucanos tentam empurrar raciocínios estapafúrdios para a mídia (que, em parte, aceita feliz) para desqualificar Lula e Ciro.
Os tucanos deveriam preocupar-se
com outra coisa: por que as qualidades de Serra, que existem, parecem
impossíveis de serem percebidas pela
maioria dos eleitores? Eis aí uma pergunta irrespondível, por razões diversas, que fica para outra ocasião.
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