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Para ganhar tempo
AO QUE tudo indica, o Irã
não irá paralisar seu programa de enriquecimento
de urânio, como exige o Conselho de Segurança da ONU. A resposta de Teerã à oferta de incentivos econômicos em troca da
suspensão de atividades nucleares parece mais uma tentativa de
ganhar tempo e dividir as potências que pressionam o país.
A resposta iraniana, qualificada por diplomatas alemães como
"volumosa e complexa na essência" -um eufemismo para verborrágica e confusa-, ainda não
foi publicada. Mas Teerã já antecipou que não cumprirá o prazo
dado pela ONU (31 de agosto) para a suspensão do seu programa
de enriquecimento.
A estratégia iraniana, embora
simplista, deverá ter êxito, menos pelas habilidades diplomáticas do presidente Mahmoud Ahmadinejad do que pela divisão
dos países que pressionam o Irã.
Em teoria, EUA, Reino Unido,
França, Rússia, China e Alemanha estão unidos em relação à
necessidade de Teerã suspender
seu programa nuclear, e a resolução da ONU autoriza a adoção de
sanções econômicas caso ele seja
mantido. Não há, porém, acordo
em relação ao tipo de punição.
Rússia e China, boas parceiras
comerciais de Teerã, são contrárias a punições fortes. A França
também reluta. O máximo de
consenso até agora é o banimento do Irã de competições esportivas internacionais e outras medidas de caráter simbólico.
Além das divisões na ONU, Ahmadinejad tem petróleo. O Irã é
o quarto maior exportador do
mundo. Dificilmente teria poder
para levar o planeta à escassez,
mas sobram-lhe forças para provocar uma alta ainda maior no
preço do produto. É o que basta.
Embora Teerã esteja diplomaticamente isolada, não cessa de
colecionar vitórias políticas, como vem fazendo no Iraque, no
Líbano e provavelmente agora
também em relação ao urânio.
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