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Editoriais
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Lula e a Vale
O PRESIDENTE Luiz Inácio
Lula da Silva acaba de sintetizar uma das linhas de
sua gestão na economia. "O governo está fazendo a sua parte, e
a iniciativa privada tem que
acompanhar essa nova visão de
desenvolvimento", escreveu na
coluna semanal "O Presidente
Responde", distribuída a mais de
cem jornais do país.
Aqui não se trata de uma frase
lançada a esmo, fora de contexto.
Ela condensa a mensagem implícita na argumentação presidencial, destinada à Vale.
Reportagem desta Folha mostrou como o mandatário da República empenhou-se pessoalmente em coagir a direção da
mineradora. Não faltou a ameaça velada de substituir o presidente da companhia caso não
fossem atendidos os pleitos de
Lula -supostamente insatisfeito com os cortes de pessoal e de
investimentos anunciados pela
Vale em meio à crise mundial.
Numa companhia privada, decisões como a de contratar, demitir e investir deveriam ser de
competência exclusiva de diretores e controladores. Afinal, na
hipótese de um fracasso nos resultados de uma empresa como
a Vale, cujas ações são negociadas na Bovespa e na Bolsa de Nova York, serão eles, gestores e
controladores, os principais punidos, sob a forma da fuga de investidores e credores.
Há decerto uma peculiaridade
do processo de privatização brasileira que favorece intervenções
como a praticada por Lula. A esfera estatal e paraestatal, por
meio do BNDES e dos fundos de
pensão governamentais, ainda
detém participação acionária relevante em poderosas empresas
nacionais.
Como tantas reformas necessárias à modernização do país
que estão pelo meio do caminho,
a diminuição do poder do governo em companhias privadas é
uma agenda a ser retomada; uma
agenda que, ao longo da gestão
Lula, sofreu preocupante revés.
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