São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 2005

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NOVA CLONAGEM

Enquanto grupos conservadores e liberais se digladiam em torno da legitimidade do uso de células-tronco em pesquisas médicas, cientistas procuram soluções pragmáticas que possam tornar o dilema ético relativo à destruição de embriões uma questão superada. Parecem estar no bom caminho.
Dois novos estudos apontam para a possibilidade de extrair as células-tronco totipotentes, que guardam a capacidade de transformar-se em qualquer tecido, sem destruir o embrião que as cede. Acredita-se que a utilização dessas células traga a chave para a cura de inúmeras moléstias e a recuperação de órgãos avariados.
Uma equipe de uma empresa americana conseguiu derivar uma cultura de células-tronco embrionárias de camundongos a partir de uma célula da mórula (fase em que o embrião tem de 8 a 16 células). Uma mórula pode ceder uma ou duas células e continuar a desenvolver-se normalmente. Essa técnica já é utilizada em clínicas de fertilidade para averiguar a saúde do embrião antes de ele ser implantado num útero.
O outro grupo, sob conselho do consultor de bioética do presidente Bush, desenvolveu um protótipo de pseudo-embrião. É uma entidade geneticamente modificada para permitir a derivação de células-tronco por clonagem, mas não seu desenvolvimento como embrião normal. Como a alteração ocorre antes da clonagem, o pseudo-embrião resultante, por não ter chance de converter-se num feto, não poderia ser considerado um ser humano em potência.
Essa segunda solução soa algo artificial. O próprio embrião fora de um útero já tem chance zero de chegar ao estágio de feto. Ainda assim, é interessante constatar que cientistas se mobilizam para tentar contornar pela via da técnica um dilema que hoje se afigura como vital. É possível que dentro de alguns anos a discussão que hoje causa tanta polêmica não passe de curiosidade histórica.


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