|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NOVA CLONAGEM
Enquanto grupos conservadores e liberais se digladiam em
torno da legitimidade do uso de células-tronco em pesquisas médicas,
cientistas procuram soluções pragmáticas que possam tornar o dilema
ético relativo à destruição de embriões uma questão superada. Parecem estar no bom caminho.
Dois novos estudos apontam para
a possibilidade de extrair as células-tronco totipotentes, que guardam a
capacidade de transformar-se em
qualquer tecido, sem destruir o embrião que as cede. Acredita-se que a
utilização dessas células traga a chave para a cura de inúmeras moléstias
e a recuperação de órgãos avariados.
Uma equipe de uma empresa americana conseguiu derivar uma cultura
de células-tronco embrionárias de
camundongos a partir de uma célula
da mórula (fase em que o embrião
tem de 8 a 16 células). Uma mórula
pode ceder uma ou duas células e
continuar a desenvolver-se normalmente. Essa técnica já é utilizada em
clínicas de fertilidade para averiguar
a saúde do embrião antes de ele ser
implantado num útero.
O outro grupo, sob conselho do
consultor de bioética do presidente
Bush, desenvolveu um protótipo de
pseudo-embrião. É uma entidade geneticamente modificada para permitir a derivação de células-tronco por
clonagem, mas não seu desenvolvimento como embrião normal. Como a alteração ocorre antes da clonagem, o pseudo-embrião resultante,
por não ter chance de converter-se
num feto, não poderia ser considerado um ser humano em potência.
Essa segunda solução soa algo artificial. O próprio embrião fora de um
útero já tem chance zero de chegar ao
estágio de feto. Ainda assim, é interessante constatar que cientistas se
mobilizam para tentar contornar pela via da técnica um dilema que hoje
se afigura como vital. É possível que
dentro de alguns anos a discussão
que hoje causa tanta polêmica não
passe de curiosidade histórica.
Texto Anterior: Editoriais: A VITÓRIA DO "NÃO" Próximo Texto: Editoriais: A TAXA DA CET Índice
|