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FERNANDO RODRIGUES
O futuro das oposições
BRASÍLIA - Os dois principais partidos de oposição no Brasil foram notícia na semana passada. No PFL, Jorge Bornhausen e Antonio Carlos Magalhães quase se engalfinharam numa luta corporal. No PSDB, o candidato derrotado a presidente da República no ano passado, José Serra, assumiu o comando da sigla.
Diferentes entre si, esses dois episódios guardam alguma similitude. Os
protagonistas interessados em fazer
oposição a Lula são políticos que sofreram grandes derrotas nas urnas e
hoje têm poder limitado dentro de
suas agremiações.
No caso de Serra, é bem verdade, já
é possível notar uma certa recalibragem no discurso. Na sua fala ao assumir o PSDB, citou o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso oito vezes. Na campanha do ano passado,
esse tipo de menção foi um fato raro.
Tido como um político pouco dado
aos salamaleques típicos desse meio,
Serra recebe um PSDB com 51 deputados -tendo saído das urnas com
71 eleitos no ano passado. Essa perda
de 20 cadeiras é, em grande parte, corolário do fraco desempenho do próprio Serra na disputa presidencial de
2002. Agora, ele é que se dispõe a consertar o rombo causado.
No PFL, o personagem mais educado, comportado e interessado em fazer oposição é Bornhausen -um político de poucos votos. O seu oponente, autor de uma ameaça de ataque
físico, ACM, é o grande campeão eleitoral da sigla.
Em 2002, Bornhausen viu seu filho
ser derrotado na disputa para o Senado. Já a Bahia de ACM respondeu
por 15,85% dos votos para deputados
estaduais do PFL em todo o país e por
21,3% dos obtidos para candidatos a
deputados federais.
Tudo somado, os presidentes do
PSDB e do PFL -Serra e Bornhausen- querem fazer oposição a Lula.
A força de ambos é ínfima. No lado
tucano, o partido se desmilingue. Na
seara pefelista, ACM mantém encontros secretos com Zé Dirceu. Mesmo
com boa vontade, é impossível enxergar onde está a chance de algum sucesso das oposições no curto prazo.
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