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São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

O futuro das oposições

BRASÍLIA - Os dois principais partidos de oposição no Brasil foram notícia na semana passada. No PFL, Jorge Bornhausen e Antonio Carlos Magalhães quase se engalfinharam numa luta corporal. No PSDB, o candidato derrotado a presidente da República no ano passado, José Serra, assumiu o comando da sigla.
Diferentes entre si, esses dois episódios guardam alguma similitude. Os protagonistas interessados em fazer oposição a Lula são políticos que sofreram grandes derrotas nas urnas e hoje têm poder limitado dentro de suas agremiações.
No caso de Serra, é bem verdade, já é possível notar uma certa recalibragem no discurso. Na sua fala ao assumir o PSDB, citou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso oito vezes. Na campanha do ano passado, esse tipo de menção foi um fato raro.
Tido como um político pouco dado aos salamaleques típicos desse meio, Serra recebe um PSDB com 51 deputados -tendo saído das urnas com 71 eleitos no ano passado. Essa perda de 20 cadeiras é, em grande parte, corolário do fraco desempenho do próprio Serra na disputa presidencial de 2002. Agora, ele é que se dispõe a consertar o rombo causado.
No PFL, o personagem mais educado, comportado e interessado em fazer oposição é Bornhausen -um político de poucos votos. O seu oponente, autor de uma ameaça de ataque físico, ACM, é o grande campeão eleitoral da sigla.
Em 2002, Bornhausen viu seu filho ser derrotado na disputa para o Senado. Já a Bahia de ACM respondeu por 15,85% dos votos para deputados estaduais do PFL em todo o país e por 21,3% dos obtidos para candidatos a deputados federais.
Tudo somado, os presidentes do PSDB e do PFL -Serra e Bornhausen- querem fazer oposição a Lula. A força de ambos é ínfima. No lado tucano, o partido se desmilingue. Na seara pefelista, ACM mantém encontros secretos com Zé Dirceu. Mesmo com boa vontade, é impossível enxergar onde está a chance de algum sucesso das oposições no curto prazo.


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