|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Admirável mundo lulista
BRASÍLIA - Viu o discurso de Lula
ontem, pedindo para a oposição
não fazer oposição?
Disse ele aos governadores aliados, já se preparando para uma reunião com todos os governadores,
aliados e adversários: "Se alguém
quiser fazer oposição a mim, que faça na eleição de 2010, quando não
serei candidato".
Quer dizer que, enquanto o Lula
"fortão" e o Lula "fraquinho" presidirem o Brasil, suspenda-se a oposição. Afinal, oposição é coisa para o
PT fazer contra os outros, não para
os outros fazerem contra o presidente do PT -ops!, que era do PT e
agora tem outras, digamos, prioridades partidárias.
E já se lê que a ministra Dilma
Rousseff vai centralizar a comunicação, o jornalismo, essas chatices
que só existem para incomodar os
governos (quando era dos outros,
eram ótimas; agora, viraram parte
do "complô das elites"). O anúncio,
extra-oficial, é de que Dilma pretende "democratizar" a área, mas,
como só gosta da notícia oficial, do
release, da versão do jeitinho que
quer, imagine você o que ela entende por "democratizar"...
Eis que chegamos ao admirável
mundo novo lulista: os repórteres
não devem reportar, os colunistas
não devem opinar, os movimentos
sociais não devem se mover, os legisladores só devem legislar o que o
Executivo quiser, os procuradores
não devem procurar nada que contrarie o Planalto, os governadores
não devem reivindicar e a oposição
não deve fazer oposição.
O pior é que a oposição, principalmente uma boa parcela do
PSDB, parece ser a primeira a aceitar. E quem não está gostando nada
dessa história é o PFL.
E é para gostar?
Inscreva-se na Constituição, mas
nas disposições transitórias, válidas
única e exclusivamente para a era
Lula: está proibido reivindicar, cobrar e criticar. Só pode concordar e
dizer amém. Amém.
elianec@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: A normalidade da anomalia Próximo Texto: Rio de Janeiro - Nelson Motta: Amor e poder Índice
|