São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 2008

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Editoriais

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Piora incipiente

TÊM SIDO divulgados nos últimos dias dados contrastantes a respeito da atividade econômica no Brasil. Eles reforçam a impressão de que somente na virada do ano ficará mais clara a intensidade da desaceleração do PIB já em curso.
A pesquisa mensal do IBGE sobre o comércio varejista revelou que o volume de vendas foi bastante forte em setembro. Trata-se, no entanto, de um resultado que já "envelheceu". Desde o final de setembro agravaram-se os impactos negativos da turbulência financeira global sobre o ambiente econômico doméstico.
Mesmo os dados relativos a outubro não dão um retrato completo do impacto da crise global. O IBGE apurou, em seu levantamento mensal sobre o mercado de trabalho nas regiões metropolitanas, que o emprego voltou a crescer. Também no mês passado, porém, a comercialização de automóveis, que vinha batendo recordes, caiu 11,6% sobre setembro -sinal de que as vendas dos bens mais dependentes do crédito sofreram um abalo.
Além de escassos, esses dados sobre o desempenho da economia em outubro têm uma limitação incontornável. Os consumidores, ao tomar suas decisões de compra, e mesmo os empresários, ao ajustar os planos de investimento e de contratação de empregados, não reagem com a mesma velocidade que os operadores financeiros.
A paralisia do crédito e a pressão cambial ainda não deram sinais firmes de refluxo. Alguns números de novembro, como os de vendas de carros, poderão ser bastante fracos.
Uma desaceleração mais generalizada das vendas e do emprego nos meses vindouros parece inevitável. Nesse cenário, a atitude de prudência do BC com a taxa de juros -justificável por ora, diante da profusão de dados conflitantes- teria de dar lugar à redução da taxa Selic.


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