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Editoriais
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Piora incipiente
TÊM SIDO divulgados nos últimos dias dados contrastantes a respeito da atividade
econômica no Brasil. Eles reforçam a impressão de que somente
na virada do ano ficará mais clara
a intensidade da desaceleração
do PIB já em curso.
A pesquisa mensal do IBGE sobre o comércio varejista revelou
que o volume de vendas foi bastante forte em setembro. Trata-se, no entanto, de um resultado
que já "envelheceu". Desde o final de setembro agravaram-se os
impactos negativos da turbulência financeira global sobre o ambiente econômico doméstico.
Mesmo os dados relativos a outubro não dão um retrato completo do impacto da crise global.
O IBGE apurou, em seu levantamento mensal sobre o mercado
de trabalho nas regiões metropolitanas, que o emprego voltou a
crescer. Também no mês passado, porém, a comercialização de
automóveis, que vinha batendo
recordes, caiu 11,6% sobre setembro -sinal de que as vendas
dos bens mais dependentes do
crédito sofreram um abalo.
Além de escassos, esses dados
sobre o desempenho da economia em outubro têm uma limitação incontornável. Os consumidores, ao tomar suas decisões de
compra, e mesmo os empresários, ao ajustar os planos de investimento e de contratação de
empregados, não reagem com a
mesma velocidade que os operadores financeiros.
A paralisia do crédito e a pressão cambial ainda não deram sinais firmes de refluxo. Alguns
números de novembro, como os
de vendas de carros, poderão ser
bastante fracos.
Uma desaceleração mais generalizada das vendas e do emprego nos meses vindouros parece
inevitável. Nesse cenário, a atitude de prudência do BC com a taxa de juros -justificável por ora,
diante da profusão de dados conflitantes- teria de dar lugar à redução da taxa Selic.
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