|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OS PECADOS DE PITTA E MALUF
Em entrevista a esta Folha, o prefeito Celso Pitta reconheceu que foi
eleito com a ajuda do endividamento
excessivo de São Paulo, o qual serviu
para tocar obras em ritmo insustentável. O mentor da estratégia que deixou a cidade à míngua foi o prefeito
anterior, Paulo Maluf.
Eleito Pitta, as obras pararam e, já
em meados do ano, estavam afetados
serviços que iam da saúde à coleta de
lixo. Ficou claro que Maluf, com a
cumplicidade de seu secretário de Finanças, não foi administrador competente. No setor privado, seriam demitidos diretores que aventurassem
uma empresa em projetos que levassem ao estrangulamento financeiro.
A condenação de Pitta por improbidade, ainda que em primeira instância, vem macular ainda mais sua biografia e, indiretamente, a de Maluf,
que era o prefeito quando o município vendia títulos de maneira suspeita. Observe-se, porém, que o atual
prefeito pode recorrer da decisão.
Mas, de todo modo, a condenação
talvez não permita a Celso Pitta livrar-se do escândalo dos precatórios
sem outros constrangimentos, como
até agora ocorre, vexatoriamente, no
caso do governador Miguel Arraes
-que confessou ter desviado recursos de sua finalidade constitucional- e nos de outros prefeitos.
Também condenado pela CPI do Senado, o governador de Alagoas terminou renunciando. E o de Santa Catarina -réu confesso como Arraes-
enfrentou uma dura CPI estadual,
salvando-se por poucos votos em
meio a manobras políticas.
Este ano deixou claro que Maluf e
Pitta estão no rol dos maus políticos
que, segundo a voz popular, "quebram o Estado para fazer o sucessor". Fazem companhia a Orestes
Quércia e tantos outros.
Quanto aos indícios de improbidade no caso dos precatórios, a primeira instância é algo ainda não definitivo. Mas já pesam sobre Maluf e Pitta
a CPI do Senado, um relatório do Tribunal de Contas do Município e outro do Banco Central. O que não é tudo, mas já não é pouco.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|