São Paulo, quarta, 24 de dezembro de 1997.



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OS PECADOS DE PITTA E MALUF

Em entrevista a esta Folha, o prefeito Celso Pitta reconheceu que foi eleito com a ajuda do endividamento excessivo de São Paulo, o qual serviu para tocar obras em ritmo insustentável. O mentor da estratégia que deixou a cidade à míngua foi o prefeito anterior, Paulo Maluf.
Eleito Pitta, as obras pararam e, já em meados do ano, estavam afetados serviços que iam da saúde à coleta de lixo. Ficou claro que Maluf, com a cumplicidade de seu secretário de Finanças, não foi administrador competente. No setor privado, seriam demitidos diretores que aventurassem uma empresa em projetos que levassem ao estrangulamento financeiro.
A condenação de Pitta por improbidade, ainda que em primeira instância, vem macular ainda mais sua biografia e, indiretamente, a de Maluf, que era o prefeito quando o município vendia títulos de maneira suspeita. Observe-se, porém, que o atual prefeito pode recorrer da decisão.
Mas, de todo modo, a condenação talvez não permita a Celso Pitta livrar-se do escândalo dos precatórios sem outros constrangimentos, como até agora ocorre, vexatoriamente, no caso do governador Miguel Arraes -que confessou ter desviado recursos de sua finalidade constitucional- e nos de outros prefeitos.
Também condenado pela CPI do Senado, o governador de Alagoas terminou renunciando. E o de Santa Catarina -réu confesso como Arraes- enfrentou uma dura CPI estadual, salvando-se por poucos votos em meio a manobras políticas.
Este ano deixou claro que Maluf e Pitta estão no rol dos maus políticos que, segundo a voz popular, "quebram o Estado para fazer o sucessor". Fazem companhia a Orestes Quércia e tantos outros.
Quanto aos indícios de improbidade no caso dos precatórios, a primeira instância é algo ainda não definitivo. Mas já pesam sobre Maluf e Pitta a CPI do Senado, um relatório do Tribunal de Contas do Município e outro do Banco Central. O que não é tudo, mas já não é pouco.



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