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INFLAÇÃO BAIXA NÃO BASTA
A tal ponto a inflação brasileira foi
satanizada, tantos foram os planos
fracassados que, vencido o monstro,
era de esperar uma descompressão.
Na prática, entretanto, o fim da superinflação crônica tornou mais evidentes outros demônios da economia, mesmo antes da crise asiática.
Ninguém, em especial os mais pobres, que eram as principais vítimas
da inflação, tem saudades do passado. Mas, passado o "boom" consumista, a lista de dificuldades e a escassez de fórmulas consensuais para
resolver os problemas só cresceu.
O maior incômodo é a impossibilidade de fazer a economia crescer, dado o temor de desequilíbrios nas
contas externas. Mês após mês são
divulgados índices baixos de inflação
sem precedentes, mas sem euforia.
O IBGE acaba de revelar que o
INPC-E registrou o valor mais baixo
desde o início da pesquisa em 1979.
Em 97, o índice ficou em 4,41%, uma
surpresa até para os otimistas.
Para os críticos, seria legítimo até
perguntar se não houve exagero na
desinflação e se uma taxa um pouco
maior não exigiria menos sacrifícios.
Mas, como sempre alerta o ministro da Fazenda, Pedro Malan, a questão é capciosa: quem seria capaz de
identificar este "pouco maior" e evitar a recaída nos descalabros que
marcaram os planos anteriores?
Além do crescimento baixo, infelizmente necessário, há outros obstáculos até agora sem resposta.
Dizia-se por exemplo que déficit
público gera inflação. A dificuldade
agora é outra. Afinal, a inflação ajudava o governo a "fechar" suas contas (era o "imposto inflacionário").
Mas uma inflação que se reduz muito
mais rápido que o esperado cria,
também, exigências ainda mais prementes na busca de alternativas ao
imposto inflacionário que desaparece. E elas ainda não surgiram.
Crescer sem gerar inflação e riscos
externos ou manter a inflação baixa
fazendo um ajuste fiscal eficaz são
exemplos cruciantes de problemas
para os quais os economistas brasileiros ainda não deram resposta.
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