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São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003

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DROGAS, ARMAS E TERROR

Por diversas razões relacionadas à segurança e à estabilidade política da América do Sul, interessa que o governo brasileiro aumente a sua cooperação com o governo colombiano, independentemente da coloração ideológica dos ocupantes do poder em Brasília e em Bogotá.
Reportagem publicada ontem nesta Folha revelou uma das formas pelas quais essa colaboração bilateral pode ser incrementada. O Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) tem capacidade de vasculhar até 200 quilômetros fronteira adentro da Colômbia. Pode produzir uma série de informações importantes sobre a movimentação de guerrilheiros e traficantes nesse setor da Amazônia que seriam úteis a Bogotá. Por falta de um entendimento entre os dois países, esses dados hoje não são aproveitados.
O crime organizado ignora as fronteiras entre os dois países. Já estabeleceu conhecidas joint ventures, por exemplo, entre narcoguerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e chefetes do tráfico do Rio de Janeiro. Drogas, armas e know-how terrorista fluem com facilidade entre os dois países devido à baixa capacidade das autoridades colombianas e brasileiras de controlar uma fronteira extensa e despovoada.
Interessa ao Brasil que o governo colombiano consiga melhorar a repressão contra os narcoguerrilheiros. Prover Bogotá de informações sobre uma porção territorial de difícil vigilância é, portanto, um meio válido de aumentar a cooperação entre os dois países.
A solução para o conflito político colombiano pode passar, numa fase final, por uma grande negociação entre governo e grupos decididos a abandonar a guerrilha. Mas isso não significa que o Brasil deva deixar de condenar as Farc, cujas relações com o tráfico de drogas e de armas para grandes cidades brasileiras são há muito tempo conhecidas. Pelo contrário: deve fazê-lo classificando-as, inclusive, como uma força terrorista.


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