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DROGAS, ARMAS E TERROR
Por diversas razões relacionadas à segurança e à estabilidade
política da América do Sul, interessa
que o governo brasileiro aumente a
sua cooperação com o governo colombiano, independentemente da
coloração ideológica dos ocupantes
do poder em Brasília e em Bogotá.
Reportagem publicada ontem nesta Folha revelou uma das formas pelas quais essa colaboração bilateral pode ser incrementada. O Sistema de
Vigilância da Amazônia (Sivam) tem
capacidade de vasculhar até 200 quilômetros fronteira adentro da Colômbia. Pode produzir uma série de informações importantes sobre a
movimentação de guerrilheiros e traficantes nesse setor da Amazônia
que seriam úteis a Bogotá. Por falta
de um entendimento entre os dois
países, esses dados hoje não são
aproveitados.
O crime organizado ignora as fronteiras entre os dois países. Já estabeleceu conhecidas joint ventures, por
exemplo, entre narcoguerrilheiros
das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e chefetes do
tráfico do Rio de Janeiro. Drogas, armas e know-how terrorista fluem
com facilidade entre os dois países
devido à baixa capacidade das autoridades colombianas e brasileiras de
controlar uma fronteira extensa e despovoada.
Interessa ao Brasil que o governo colombiano consiga melhorar a repressão contra os narcoguerrilheiros. Prover Bogotá de informações
sobre uma porção territorial de difícil
vigilância é, portanto, um meio válido de aumentar a cooperação entre
os dois países.
A solução para o conflito político
colombiano pode passar, numa fase
final, por uma grande negociação
entre governo e grupos decididos a
abandonar a guerrilha. Mas isso não
significa que o Brasil deva deixar de
condenar as Farc, cujas relações com
o tráfico de drogas e de armas para
grandes cidades brasileiras são há
muito tempo conhecidas. Pelo contrário: deve fazê-lo classificando-as,
inclusive, como uma força terrorista.
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