São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003 |
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CLÓVIS ROSSI A quinta-coluna
SÃO PAULO - Começa, aqui e ali, a crítica ao comportamento do governo Luiz Inácio Lula da Silva em relação à invasão do Iraque pelos Estados Unidos.
A crítica seria perfeitamente válida se partisse da defesa da guerra. Eu
posso não gostar da invasão, mas seria excesso de presunção imaginar
que é a única posição possível.
O problema é que a crítica às atitudes do governo Lula parte de outra linha de raciocínio, a um só tempo servil e cretina. O que se diz é que o governo brasileiro não deveria criticar seu congênere norte-americano, ou
porque o país pode vir a precisar deles, ou porque os Estados Unidos são
muito poderosos e não é bom cutucar a onça com vara curta.
Há até quem diga, como registra a
coluna de ontem de Valdo Cruz, que,
de repente, o Brasil pode precisar de
apoio dos EUA no FMI e Bush, contrariado pelas críticas, tenderia a vingar-se dizendo não.
Asneira pura. Fernando Henrique
Cardoso teve a coragem (e a premonição) de equiparar o unilateralismo
ao terrorismo e nem por isso o governo Bush impediu que o Fundo fizesse
ao governo FHC o maior empréstimo
de sua história (os US$ 41 bilhões
concedidos no ano passado).
Quem acha que, tratando pit bull
de "meu benzinho" o animal se acalme, bem merece uma baita mordida
para deixar de ser besta.
E quem acha que o que é bom para
os Estados Unidos é bom para o Brasil não saiu do período colonial.
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