São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003 |
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ELIANE CANTANHÊDE Do pretexto aos erros
BRASÍLIA - Entre os vários pretextos que Bush arrumou e foi adaptando
para atacar o Iraque, o mais recorrente foi a ameaça das tais bombas
químicas e biológicas. Se Saddam tivesse mesmo esse arsenal, Bush invadiria o país assim tão facilmente? E agora? Cadê as tão famosas armas?
O Iraque parece não ter nem mesmo tropas armadas até os dentes em
terra quanto mais armas tão sofisticadas. Os pretextos, portanto, eram
uma farsa. Bush só queria exercitar
sua vingança -não contra um ditador, mas contra um país. E o pior é
que ninguém mais fala nisso.
Como bem disse Clóvis Rossi, o que
ocorre no Iraque não é exatamente
uma guerra, mas um massacre. E
com erros inacreditáveis, inclusive de
anglo-americanos contra anglo-americanos. Helicópteros dos EUA
caem de maduros, enquanto suas
tropas derrubam aquele avião Tornado inglês. Um míssil desgovernado
atingiu o Irã, sem ficar claro se era ou
não iraquiano. Pode muito bem ter
sido das tropas de Bush. Por engano.
Até o ataque de granadas a um
acampamento dos EUA no Kuait,
que parecia um ousado confronto em
terra, não partiu de bravos soldados
de Saddam, e sim de um enlouquecido soldado de Bush.
Com erros tão patéticos, nada mais
natural do que prever que eles vão sobrar também para a população civil.
Aliás, já estão sobrando. Ao que se
saiba (e não se sabe tudo, obviamente), foi um desses erros que atingiu
um ônibus perto da fronteira Iraque-Síria, a oeste de Bagdá. O alvo da artilharia americana era uma ponte
que une os dois países. Errou. Morreram cinco sírios que não tinham nada a ver com o peixe. Sabe-se lá
quantos ficaram feridos.
Essas coisas vão alimentando a irritação, até a ojeriza, que o governo
Bush provocou em cada canto do planeta com sua guerra assassina -ou
massacre. De alguma forma, ele e os
EUA vão pagar por isso.
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