São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2008

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Mau conselho

SOA ALGO inoportuna a idéia do governo brasileiro de criar o Conselho Sul-Americano de Defesa.
Em termos teóricos, faria sentido ampliar ainda mais a colaboração entre os países da região para que possam, como sugeriu o ministro Nelson Jobim, "articular a elaboração de políticas de defesa, intercâmbio de pessoal, formação e treinamento de militares, realização de exercícios militares conjuntos, participação conjunta em missões de paz das Nações Unidas, integração de bases industriais de defesa".
Tudo isso, porém, já pode ser feito por mecanismos hemisféricos existentes, como a Junta Interamericana de Defesa, o Colégio Interamericano de Defesa, a Conferência de Ministros da Defesa, a Conferência dos Exércitos Americanos, a Conferência Naval Interamericana e o Sistema de Cooperação das Forças Aéreas Americanas.
Diante de tantas possibilidades, a iniciativa brasileira não passa de uma maldisfarçada tentativa de excluir os EUA. Essa é uma atitude que, na melhor das hipóteses, não leva a lugar nenhum. Interessa à diplomacia brasileira mitigar a tendência natural de Washington ao intervencionismo. Mas para tanto não é necessário criar um clube exclusivo na área militar.
Na verdade, é quase ridículo falar em defesa regional sem incluir os EUA, a única superpotência do planeta. Fazê-lo é condenar o novo Conselho à irrelevância. Ademais, é extemporâneo incentivar a colaboração entre forças militares quando presidentes da região trocam acusações e chegaram a mobilizar tropas uns contra os outros.
Antes de alçar vôos maiores, é preciso que os países da América do Sul superem o personalismo de alguns de seus líderes e se mostrem capazes de fomentar as relações que mais importam, as econômicas, num ambiente pacífico e estável.


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