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Mau conselho
SOA ALGO inoportuna a idéia
do governo brasileiro de
criar o Conselho Sul-Americano de Defesa.
Em termos teóricos, faria sentido ampliar ainda mais a colaboração entre os países da região
para que possam, como sugeriu
o ministro Nelson Jobim, "articular a elaboração de políticas de
defesa, intercâmbio de pessoal,
formação e treinamento de militares, realização de exercícios
militares conjuntos, participação conjunta em missões de paz
das Nações Unidas, integração
de bases industriais de defesa".
Tudo isso, porém, já pode ser
feito por mecanismos hemisféricos existentes, como a Junta Interamericana de Defesa, o Colégio Interamericano de Defesa, a
Conferência de Ministros da Defesa, a Conferência dos Exércitos Americanos, a Conferência
Naval Interamericana e o Sistema de Cooperação das Forças
Aéreas Americanas.
Diante de tantas possibilidades, a iniciativa brasileira não
passa de uma maldisfarçada tentativa de excluir os EUA. Essa é
uma atitude que, na melhor das
hipóteses, não leva a lugar nenhum. Interessa à diplomacia
brasileira mitigar a tendência
natural de Washington ao intervencionismo. Mas para tanto
não é necessário criar um clube
exclusivo na área militar.
Na verdade, é quase ridículo
falar em defesa regional sem incluir os EUA, a única superpotência do planeta. Fazê-lo é condenar o novo Conselho à irrelevância. Ademais, é extemporâneo incentivar a colaboração entre forças militares quando presidentes da região trocam acusações e chegaram a mobilizar tropas uns contra os outros.
Antes de alçar vôos maiores, é
preciso que os países da América
do Sul superem o personalismo
de alguns de seus líderes e se
mostrem capazes de fomentar as
relações que mais importam, as
econômicas, num ambiente pacífico e estável.
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