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CARLOS HEITOR CONY
Triunfo de nossas cores
RIO DE JANEIRO - Mais uma vez
o mundo se curvou diante do Brasil.
Tantas e tamanhas vezes já se curvou que devia estar habituado, mas
o Brasil é surpreendente, está sempre aprontando. A bola da vez não é
um Santos Dumont, um Ayrton
Senna, um Pelé, que em seus respectivos tempos obrigaram o mundo a dobrar a espinha diante de feitos individuais que se transformaram em façanhas coletivas.
Mas tudo vale a pena se a alma
não é pequena -e grande é a nossa
alma, sobretudo na hora dos nossos
triunfos. Uma cidadã natural de um
nobre Estado, que tem o nome de
uma das pessoas da Santíssima
Trindade, está sendo apontada como a responsável pela desgraça política de um governador nos Estados Unidos. A imprensa não arranjou melhor profissão para ela do
que a de cafetina -nome um pouco
defasado, no meu tempo as cafetinas eram mais modestas, embora
vorazes. Exploravam mulheres da
vida e eram exploradas a vida inteira pela polícia. E nenhuma delas alcançava a glória de tamanho feito:
derrubar um governador que de repente podia ser presidente da
maior nação do mundo.
Reclamaram que a chegada da cafetina no Brasil no último fim de semana foi uma consagração. Ela
ameaça escrever um livro, será capa
da "Playboy" e página amarela (e
bota amarela nisso) da "Veja". Modestamente, está sendo assunto de
um cronista habitualmente sem assunto.
Melhoramos muito. Nos últimos
anos do século passado exportávamos travestis e mulheres da vida, e
apesar de todas as mulheres serem
da vida, algumas conseguem ser
mais da vida do que outras. Subimos no ranking e agora exportamos
cafetinas, por sinal bem sucedidas,
que muito aliviarão as taxas de nossas exportações comprometidas
pela má qualidade da carne do nosso gado vacum. Conosco ninguém
podemos.
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