São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2008

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CARLOS HEITOR CONY

Triunfo de nossas cores

RIO DE JANEIRO - Mais uma vez o mundo se curvou diante do Brasil. Tantas e tamanhas vezes já se curvou que devia estar habituado, mas o Brasil é surpreendente, está sempre aprontando. A bola da vez não é um Santos Dumont, um Ayrton Senna, um Pelé, que em seus respectivos tempos obrigaram o mundo a dobrar a espinha diante de feitos individuais que se transformaram em façanhas coletivas.
Mas tudo vale a pena se a alma não é pequena -e grande é a nossa alma, sobretudo na hora dos nossos triunfos. Uma cidadã natural de um nobre Estado, que tem o nome de uma das pessoas da Santíssima Trindade, está sendo apontada como a responsável pela desgraça política de um governador nos Estados Unidos. A imprensa não arranjou melhor profissão para ela do que a de cafetina -nome um pouco defasado, no meu tempo as cafetinas eram mais modestas, embora vorazes. Exploravam mulheres da vida e eram exploradas a vida inteira pela polícia. E nenhuma delas alcançava a glória de tamanho feito: derrubar um governador que de repente podia ser presidente da maior nação do mundo.
Reclamaram que a chegada da cafetina no Brasil no último fim de semana foi uma consagração. Ela ameaça escrever um livro, será capa da "Playboy" e página amarela (e bota amarela nisso) da "Veja". Modestamente, está sendo assunto de um cronista habitualmente sem assunto.
Melhoramos muito. Nos últimos anos do século passado exportávamos travestis e mulheres da vida, e apesar de todas as mulheres serem da vida, algumas conseguem ser mais da vida do que outras. Subimos no ranking e agora exportamos cafetinas, por sinal bem sucedidas, que muito aliviarão as taxas de nossas exportações comprometidas pela má qualidade da carne do nosso gado vacum. Conosco ninguém podemos.


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