BRASÍLIA - O governo Lula está sendo tudo aquilo que pefelistas e tucanos não imaginavam nem um pouco. A sensação entre os antigos aliados de Fernando Henrique Cardoso é de certa perplexidade.
Entre eles, o que se calculava é que hoje, quase cinco meses depois da posse, o país estaria numa grave crise econômica, e o governo petista, numa encruzilhada. Um verdadeiro caos.
Nas conversas reservadas dos tucanos, havia até quem levantasse a hipótese de que a saída poderia ser a adoção do parlamentarismo. Seria a volta triunfal dos derrotados.
Afinal, ninguém acreditava que o presidente Lula pudesse resistir a tantas pressões, como agora, e apoiar uma política econômica mais rígida do que a de Pedro Malan.
Outra surpresa foi o estilo rolo compressor do ministro José Dirceu (Casa Civil) de arrebanhar aliados na oposição. A avaliação é que ele tem mostrado mais eficiência no jogo da barganha política do que a equipe de FHC, que contou com o apoio dos "profissionais" do PFL.
Na comunicação, o comentário é que jogo também vai ser pesado. Os sinais são de que a publicidade oficial vá ser usada como nunca foi como arma de cooptação.
O que leva um tucano a desabafar na seguinte linha: o governo Lula faz tudo isso e parece tudo muito normal; já o governo FHC apanhava todo santo dia dos petistas.
Não deixa de ter certa razão. Só que os tucanos não estão sendo lá grande coisa como oposição. Habituados a ser governo nos últimos tempos, eles ainda não se acostumaram ao outro lado do balcão.
Acreditam, porém, que a adaptação à nova vida vá ficar mais fácil a partir de agora. O clima de lua-de-mel da população com o governo Lula estaria com os dias contados -juros altos e economia parando azedam qualquer relação.
Se quiser, Luiz Inácio Lula da Silva pode surpreendê-los outra vez. Basta deixar de ser a imagem e semelhança de seu antecessor.


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