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VALDO CRUZ
Quem sobe?
BRASÍLIA - Depois de a prefeita Marta Suplicy bater o pé e enterrar as articulações para dar a vaga de vice ao
PMDB, restou a um membro da cúpula petista fazer o seguinte desabafo: "Talvez seja mais fácil compor
com o Serra no futuro".
Exagero ou completa aversão à prefeita, o fato é que a frase acima, dita
por gente graúda, revela o nível de
tensão que cercou a definição de Rui
Falcão para vice na chapa da reeleição à Prefeitura de São Paulo.
É óbvio que a frase partiu do grupo
com interesses na sucessão do tucano
Geraldo Alckmin. Da turma que não
quer a prefeita, se reeleita, como adversária na escolha do candidato do
PT ao governo paulista.
A dúvida, como bem disse ontem
Fernando Rodrigues, é se a atitude
da prefeita Marta Suplicy é uma demonstração de força política ou só a
arrogância de sempre.
Caso se confirme a segunda hipótese e a candidatura da prefeita comece
a fazer água -o que é muito cedo
para prever-, como seria o comportamento do presidente Lula?
Apesar de integrar o grupo a favor
de uma aliança com PMDB, Lula
gosta de Marta e sabe que a reeleição
da prefeita é o primeiro passo para
garantir a sua, em 2006.
Ajudará, segundo pessoas próximas, no que for possível. Mas não
passará do possível. Nas palavras de
um amigo, ele não vai se suicidar e
abrir as torneiras da economia, por
exemplo, para reeleger a prefeita.
Antes de tudo, Lula trabalha com
seu projeto. Hoje, bom frisar que estamos falando de hoje, o presidente
pretende seguir o rumo traçado pelo
ministro Palocci. Dois anos de sofrimento agora e dois anos bons no final do mandato.
Lula não se cansa de repetir que
não repetirá outros presidentes, que
contrataram crises agudas por conta
de decisões eleitoreiras. A convicção e
a paciência do presidente, porém, poderão ser testadas em breve.
Basta que o petróleo se mantenha
em alta e que as turbulências no mercado se agravem. Juros e gasolina podem ter de subir. E aí, presidente,
quem sobe? A Marta ou os juros?
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