São Paulo, terça-feira, 25 de maio de 2004

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VALDO CRUZ

Quem sobe?

BRASÍLIA - Depois de a prefeita Marta Suplicy bater o pé e enterrar as articulações para dar a vaga de vice ao PMDB, restou a um membro da cúpula petista fazer o seguinte desabafo: "Talvez seja mais fácil compor com o Serra no futuro".
Exagero ou completa aversão à prefeita, o fato é que a frase acima, dita por gente graúda, revela o nível de tensão que cercou a definição de Rui Falcão para vice na chapa da reeleição à Prefeitura de São Paulo.
É óbvio que a frase partiu do grupo com interesses na sucessão do tucano Geraldo Alckmin. Da turma que não quer a prefeita, se reeleita, como adversária na escolha do candidato do PT ao governo paulista.
A dúvida, como bem disse ontem Fernando Rodrigues, é se a atitude da prefeita Marta Suplicy é uma demonstração de força política ou só a arrogância de sempre.
Caso se confirme a segunda hipótese e a candidatura da prefeita comece a fazer água -o que é muito cedo para prever-, como seria o comportamento do presidente Lula?
Apesar de integrar o grupo a favor de uma aliança com PMDB, Lula gosta de Marta e sabe que a reeleição da prefeita é o primeiro passo para garantir a sua, em 2006.
Ajudará, segundo pessoas próximas, no que for possível. Mas não passará do possível. Nas palavras de um amigo, ele não vai se suicidar e abrir as torneiras da economia, por exemplo, para reeleger a prefeita.
Antes de tudo, Lula trabalha com seu projeto. Hoje, bom frisar que estamos falando de hoje, o presidente pretende seguir o rumo traçado pelo ministro Palocci. Dois anos de sofrimento agora e dois anos bons no final do mandato.
Lula não se cansa de repetir que não repetirá outros presidentes, que contrataram crises agudas por conta de decisões eleitoreiras. A convicção e a paciência do presidente, porém, poderão ser testadas em breve.
Basta que o petróleo se mantenha em alta e que as turbulências no mercado se agravem. Juros e gasolina podem ter de subir. E aí, presidente, quem sobe? A Marta ou os juros?


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