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FERNANDO RODRIGUES
Marcha da insensatez
BRASÍLIA - Arlindo Chinaglia fez
campanha para presidente da Câmara prometendo colocar em votação a chamada "reforma política". A
indigência intelectual da Casa que
preside acaba de produzir um projeto frankenstein de mudanças político-eleitorais. Chinaglia forçará a
mão para aprovar a anomalia, à custa de sujar sua biografia.
O deputado médico do PT de São
Paulo ficará para história como o
presidente da Câmara responsável
pela criação da oligarquia mais perene do sistema eleitoral brasileiro.
O sistema de listas partidárias, a ser
votado nesta semana, mantém a incrível regra da precedência: quem já
é deputado será colocado no topo
da relação.
Ou seja, o eleitor vota numa legenda, seja ela qual for, e os primeiros a serem eleitos serão os que já
são deputados. Para fingir democracia, haverá também a possibilidade, não obrigatória, de um segundo voto para um deputado individualmente entre os que estão na lista. Alguém de boa-fé acredita na
possibilidade de milhões de brasileiros se darem ao trabalho de empreender tal tipo de ação? Nem os
deputados acreditam nessa hipótese. Aprovarão a regra sem medo de
serem felizes na disputa de 2010.
Outra maracutaia: o financiamento público em gestação não será mais limitado a R$ 7 por eleitor.
A cada eleição as excelências no
Congresso definirão o teto. Para
quem não se lembra, o país tem 125
milhões de eleitores. A R$ 7 por cabeça a conta sai por R$ 875 milhões.
Os políticos acham pouco.
Essa marcha da insensatez só pode ser abortada por Arlindo Chinaglia. Surgiu a idéia de submeter tudo a um plebiscito -como forma de
impedir o ato tresloucado da Câmara. É insuficiente.
Por um mínimo de decência os
deputados deveriam jogar esse pacote demencial no lixo. Minimizariam um pouco a credibilidade depauperada do Poder Legislativo.
frodriguesbsb@uol.com.br
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