São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 2002

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VALOR INTANGÍVEL

É uma boa notícia a de que o Brasil ratificou o Protocolo de Kyoto, o acordo internacional que tem por objetivo reduzir as emissões de gases que estão provocando o aquecimento anormal do planeta. Por enquanto, a adesão do Brasil a Kyoto é mais simbólica. Num primeiro momento, o acordo só cobra metas de redução dos países industrializados.
De todo modo, numa segunda fase, também o Brasil, assim como outros países subdesenvolvidos, poderá ter objetivos a cumprir. Mesmo assim, a situação pode ser qualificada como confortável. Diferentemente de outros países, que queimam combustíveis fósseis para obter energia, o Brasil tem como principal matriz energética as hidrelétricas, em princípio mais limpas que termelétricas.
As maiores fontes de emissão de gases-estufa no Brasil são os veículos e as queimadas. Para a primeira, o país teria a tecnologia do álcool, cuja combustão é significativamente menos poluente que a da gasolina. Já a segunda é uma atividade não apenas evitável como ainda oficialmente combatida pelo governo.
Diante dessa série de vantagens comparativas, parece improvável que o Protocolo de Kyoto venha a estabelecer, para o Brasil, metas que tenhamos dificuldades para cumprir ou que imponham perdas econômicas maiores. Deixar de ratificar Kyoto teria sido altamente contraproducente. Ao contrário até, no futuro o mercado "verde" poderá revelar-se um bom nicho para o Brasil. A tecnologia do álcool, por exemplo, poderá ser exportada para países que precisem reduzir suas emissões. No papel, existe até mesmo a possibilidade de "vender" sumidouros de carbono, como florestas em crescimento, a países poluidores, embora esse mercado seja bem menor do que se estimava no início das negociações.
Mas, para além de eventuais vantagens econômicas, a ratificação de Kyoto deve ser celebrada por um valor mais intangível: a consciência de ter feito o possível para legar às gerações futuras um planeta habitável.


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