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VALOR INTANGÍVEL
É uma boa notícia a de que o Brasil ratificou o Protocolo de Kyoto, o acordo internacional que tem
por objetivo reduzir as emissões de
gases que estão provocando o aquecimento anormal do planeta. Por enquanto, a adesão do Brasil a Kyoto é
mais simbólica. Num primeiro momento, o acordo só cobra metas de
redução dos países industrializados.
De todo modo, numa segunda fase, também o Brasil, assim como outros países subdesenvolvidos, poderá ter objetivos a cumprir. Mesmo assim, a situação pode ser qualificada
como confortável. Diferentemente
de outros países, que queimam combustíveis fósseis para obter energia, o
Brasil tem como principal matriz
energética as hidrelétricas, em princípio mais limpas que termelétricas.
As maiores fontes de emissão de
gases-estufa no Brasil são os veículos
e as queimadas. Para a primeira, o
país teria a tecnologia do álcool, cuja
combustão é significativamente menos poluente que a da gasolina. Já a
segunda é uma atividade não apenas
evitável como ainda oficialmente
combatida pelo governo.
Diante dessa série de vantagens
comparativas, parece improvável que
o Protocolo de Kyoto venha a estabelecer, para o Brasil, metas que tenhamos dificuldades para cumprir ou
que imponham perdas econômicas
maiores. Deixar de ratificar Kyoto teria sido altamente contraproducente.
Ao contrário até, no futuro o mercado "verde" poderá revelar-se um
bom nicho para o Brasil. A tecnologia do álcool, por exemplo, poderá
ser exportada para países que precisem reduzir suas emissões. No papel, existe até mesmo a possibilidade
de "vender" sumidouros de carbono,
como florestas em crescimento, a
países poluidores, embora esse mercado seja bem menor do que se estimava no início das negociações.
Mas, para além de eventuais vantagens econômicas, a ratificação de
Kyoto deve ser celebrada por um valor mais intangível: a consciência de
ter feito o possível para legar às gerações futuras um planeta habitável.
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