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ELIANE CANTANHÊDE
FHC e Lula, numa boa
BRASÍLIA - A chave mais importante para analisar a sucessão está com Ciro Gomes. Ele é o fator decisivo. Se esvaziar, vai confirmar a expectativa
inicial de um embate esquerda versus
governo. Se continuar conquistando
corações e votos, como uma nova Roseana, ele não ameaça apenas Serra,
que já se distanciou em terceiro lugar, mas começa a provocar um mal
disfarçado pânico em Lula e nos petistas. Ciro pegou embalo. Se mantiver o ritmo, pode ir embora, atropelando tudo e todos.
É isso que reacende um velho movimento que se insinuou no início do
ano e depois evaporou diante do crescimento de Serra: os petistas moderados, ou pragmáticos, e os tucanos de
esquerda, inclusive os ligados a FHC,
andam conversando novamente.
Lembre-se: em política, como nas
guerras, nada melhor que um inimigo comum para mobilizar e animar
as tropas. Ciro é o inimigo comum.
A cúpula do governo e o comando
do PT elegeram-se mutuamente, há
tempos, como adversários preferenciais. Acham que o melhor para o
país, para o processo, para o PT e para o PSDB é Lula e Serra no segundo
turno. Quando Serra ameaçou crescer e disputar liderança com Lula, os
petistas recuaram. Agora, a turma
toda volta a conversar.
Antes, os dois grupos -PT e
PSDB- tinham que alijar Roseana,
Garotinho, os caciques do PFL. Hoje,
têm um inimigo muito mais sólido,
inclusive porque mais cara a cara
com a eleição, que será daqui a pouquinho, em 6 de outubro.
FHC está que não se aguenta e já
mandou recado por emissário petista
que vai fundo a favor de Lula, se no
segundo turno der Lula e Ciro. Sem
esquecer que o próprio presidente do
PT, José Dirceu, anunciou publicamente -e de Washington- que tinha telefonado para FHC para papear, trocar umas idéias.
Pode parecer estranho, mas FHC
tem chance de se transformar no
mais principal aval político de um
eventual governo Lula. Um aval interno também, mas principalmente
internacional. Tudo depende dele: o
adversário maior, Ciro Gomes.
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