São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 2002 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES A crise orçamentária nas Forças Armadas
CARLOS DE MEIRA MATTOS
A maioria de nossos políticos não é capaz de entender a abrangência da política nacional. Por isso, não compreende a importância das Forças Armadas. Repete como realejo o falso conceito de que, "como não temos um inimigo visível, não precisamos de Forças Armadas". Ignora as lições da história e do mundo contemporâneo. Ignora os interesses internacionais do Brasil. Pretende que defendamos os nossos interesses essenciais, no âmbito regional e mundial, sem nos apresentarmos como a potência média que somos, revestida da plenitude de nossos atributos de poder. Seria insano querermos competir em poder militar com as grandes potências. O nosso poder militar tem que ser adequado à nossa qualificação de potência média, que, no tumulto de disputas antagônicas e ambições ocultas do mundo atual, seja capaz de nos garantir uma posição ativa, para fazer respeitar e a defender os interesses nacionais. É preciso não esquecer o princípio basilar de que o poder e a Justiça sem a reserva da força são inoperantes. A existência da força nas disputas internacionais de interesses, de desdobramentos sempre imprevisíveis, é um argumento de persuasão ou de dissuasão, atuante muito antes de precisar ser empregada. Quase sempre evita o seu emprego, o que seria a guerra. A força do adversário nessas disputas representa, no mínimo, um "preço a pagar" que o lado contrário tem que avaliar se vale a pena ser pago. Basta observar o quadro de disputas no cenário mundial para se convencer de que é o poder militar de dissuasão de países menos poderosos, impondo um "preço a pagar", que vem contendo o avanço das conquistas dos mais poderosos. Nossas responsabilidades com o passado, com as aspirações legítimas do presente e das gerações vindouras está impondo aos candidatos que disputam a futura chefia do governo vir proclamar à nação como entendem e quais os seus projetos sobre a defesa nacional. Os candidatos à Presidência da República pretendem ser estadistas, devem prová-lo que o são. Carlos de Meira Mattos, 89, general reformado do Exército e veterano da Segunda Guerra Mundial, é doutor em ciência política e conselheiro da ESG (Escola Superior de Guerra). Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Sérgio Danese: O "gaullismo" da diplomacia brasileira Próximo Texto: Painel do Leitor Índice |
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