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MARCELO BERABA
O futuro do Rio
RIO DE JANEIRO - A prefeitura iniciou discussão pública sobre as principais obras que serão tocadas para
preparar o Rio para o Pan-Americanos de 2007 e anunciou um pacote
com 25 medidas na área social.
A promessa mais importante é a de
investimentos de um bilhão de dólares na terceira etapa do programa
Favela Bairro, o que deverá beneficiar, segundo o comunicado oficial,
cerca de um milhão de pessoas.
A intenção é ótima, resta saber se
vai sair do papel. O destino dos investimentos para o Pan vai indicar o
grau de comprometimento dos governos municipal (Cesar Maia) e estadual (Rosinha/Garotinho) com a
recuperação do Rio deteriorado e
abandonado. As obras e programas
tanto podem ser sérios e resultar em
uma era de reconstrução da cidade
como podem ser apenas cosméticos e
empurrá-la de vez para o buraco.
O Rio tem problemas gravíssimos
-transporte coletivo, ambiente, criminalidade-, gerados pela irresponsabilidade de seguidas administrações. O desafio imediato é desarmar o narcotráfico, que domina e
horroriza dezenas de bairros. Mas o
mais grave é a completa deterioração
da vastíssima área que compreende a
zona norte e os subúrbios.
Impossível entender o Rio sem as
suas duas fortes identidades complementares, a zona sul, das praias e belezas naturais, cosmopolita, e a zona
norte, bem-humorada e de uma
imensa tradição cultural.
Na verdade, os problemas -violência, transporte, ambiente e deterioração urbana- se confundem. As
obras para o Pan e os planos para a
conquista do direito de sediar as
Olimpíadas de 2012 não podem ser
dirigidos apenas para a Barra da Tijuca, sede dos jogos, e para a zona sul,
destino turístico.
Não se pode conceber a recuperação do Rio sem o resgate da zona norte e dos subúrbios .
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