|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Zuanazzi, duro na queda
BRASÍLIA - O ministro da Defesa,
Nelson Jobim, já disse, repetiu e
apostou que o conterrâneo Milton
Zuanazzi vai sair hoje da Anac
(Agência Nacional de Aviação Civil), deixando o caminho livre para
a posse da sucessora já escolhida, a
economista Solange Paiva Vieira.
Mas o próprio Zuanazzi também
já disse, repetiu e apostou que vai
sair, sim, mas só quando lhe der na
telha. Ontem mandou um recado:
se Jobim estiver com pressa, é melhor começar a contar carneirinho.
Uma coisa é certa: Zuanazzi perdeu qualquer condição de ficar no
cargo, depois da lambança no setor
aéreo, das suspeitas sobre Denise
Abreu e da queda dos demais diretores da Anac como num castelo de
cartas. Além disso, ele perdeu algo
fundamental: padrinho político.
O ministro Walfrido dos Mares
Guia, que o indicou, o embalou e o
segurou até agora, está muito ocupado tentando salvar a própria pele
na coordenação política do governo, depois que caiu na teia de Marcos Valério e do senador e ex-governador tucano Eduardo Azeredo. E a
ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) tem mais o que fazer do que cuidar de Zuanazzi.
Ou seja: Jobim bate pé que Zuanazzi tem que sair, o dito cujo bate
pé que só sai quando quiser. Enquanto isso, a Anac está acéfala.
Jobim está forte, Zuanazzi é fraco, e o ministro acertou com Lula
uma saída para o impasse. Formalmente, o governo indica e o Senado
aprova diretores para a agência,
mas não especificamente o presidente dela, que é escolhido depois
entre os próprios diretores e encampado pelo presidente da República. Ou seja: Zuanazzi pode continuar na agência, mas a presidente
vai ser Solange. Duro na queda.
O governo tentou constrangê-lo
para sair, mas ele é que está constrangendo Lula, Jobim, Dilma e
Mares Guia para tirá-lo. O fraco virou forte. E tudo isso, que seria uma
questão técnica e uma articulação
política, é de um ridículo atroz.
elianec@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: As estatísticas e a vida real Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Sem esperança Índice
|