São Paulo, segunda-feira, 25 de outubro de 2004

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FERNANDO RODRIGUES

Os destinos da prefeita

BRASÍLIA - A possibilidade cada vez mais real de uma derrota petista em São Paulo não será o fim do mundo para o governo Lula. Mas certamente abalará placas tectônicas dentro do PT. A começar pelo destino da prefeita Marta Suplicy em 2005.
A embaixada em Paris ela já disse que não lhe interessa. Nem teria chance. Essa vaga está reservada para o ineficaz ministro da Defesa, o diplomata José Viegas.
Um ministério para Marta só faria colar ainda mais no governo Lula a pecha de "retiro dos perdedores". Perca uma eleição e vire ministro. A própria Marta sabe disso.
O que a prefeita paulistana acha que lhe cai bem é presidir o PT. O cargo hoje é exercido por José Genoino, que ficou sem mandato depois de perder a disputa para o governo de São Paulo em 2002.
Como presidente nacional do partido, Marta correria o país e, mais ainda, o Estado de São Paulo. Estaria se cacifando para postular a vaga de candidata ao governo paulista em 2006. Será uma eleição esquisita.
Maluf definhou. O PMDB inexiste. E o PSDB não tem um nome de grande destaque. Geraldo Alckmin não pode disputar a reeleição. Petistas acham que levam essa fácil, pois estariam alavancados pela campanha nacional da reeleição de Lula.
Falta, é claro, Marta combinar seus planos com os outros petistas de olho no Palácio dos Bandeirantes em 2006, como Aloizio Mercadante, Antonio Palocci, João Paulo Cunha e José Genoino. Vai sair faísca.
É possível que Marta consiga destronar Genoino da presidência do PT? Difícil responder. Lula teria de arranjar uma vaguinha para o amigo dentro do governo.
Pesa contra a prefeita sua inabilidade política. Simulou pruridos e rejeitou Orestes Quércia no início do processo eleitoral. Agora que a campanha está atolada no brejo, aparece em cartazes ao lado de Paulo Maluf. Uma estratégia catastrófica.
Se Marta imprimir ao PT sua destreza para alianças, fará a alegria dos adversários da sigla de Lula.


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