São Paulo, terça-feira, 25 de outubro de 2005

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CONGRESSO REPROVADO

Como era de esperar, a crise do "mensalão" vai atingindo em cheio a imagem do Congresso Nacional. É isso que confirma a mais recente pesquisa Datafolha.
Após meses de denúncias envolvendo pagamento de mesadas a deputados, CPIs que primam mais pelo espetáculo do que pela investigação, episódios de fisiologismo e corporativismo explícito patrocinados por líderes como o ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti (PP-PE), nada menos que 46% dos entrevistados consideraram ruim ou péssimo o desempenho dos congressistas. Embora na avaliação anterior, realizada em agosto, o percentual de rejeição fosse maior (48%), isso não serve de conforto aos parlamentares.
Primeiro, porque essa oscilação está dentro da margem de erro. Segundo, porque tal patamar de reprovação é o mais elevado desde a legislatura que se iniciou em 1994, quando o Datafolha começou a medir a avaliação do Congresso. Até aqui, os piores resultados eram os relativos ao mandato de 1998, quando 40% dos eleitores desaprovavam a atuação de deputados e senadores. O que se constata, portanto, é um acentuado e preocupante declínio da credibilidade da Câmara e do Senado.
Certamente há parlamentares que desaprovam e não compactuam com os desvios rechaçados pela opinião pública. Todavia é inevitável que a péssima impressão causada pelos escândalos contagie a imagem do Legislativo como um todo.
Infelizmente, isso é ainda mais verdadeiro quando se assiste a três CPIs que produzem resultados insatisfatórios e a articulações com o propósito de reduzir ao mínimo as punições. Dificilmente a situação da atual legislatura irá mudar para melhor. Ficará para o próximo pleito a esperança de que os fatos em curso sirvam para tornar o Congresso uma instituição mais ética e eficaz.


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