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RUY CASTRO
Focinho a focinho
RIO DE JANEIRO - Eduardo Paes
pode se eleger prefeito do Rio amanhã, com as bênçãos do governo estadual, do governo federal e da Igreja Universal. Se isso acontecer, o
candidato do possante PMDB verá
premiado seu esforço e o de seus
aliados, para quem o que importa é
vencer, tanto faz como.
Há muito não via uma campanha
tão agressiva. Já não bastam o rosto, o nome e o número de Paes em
tabuletas conduzidas por ambulantes e deixadas em postes ou árvores
e sem o ambulante à vista. Outro
dia, num táxi pelo aterro do Flamengo, segui um caminhão de engradados de galinhas empapelado
de alto a baixo com a propaganda de
Paes. As próprias galinhas pareciam cacarejar o nome do candidato, o que, a se confirmar -o uso de
galinhas para fins eleitorais- também seria ilegal.
Em contraste, a campanha de seu
adversário, Fernando Gabeira, do
raquítico PV, é tão limpa e não poluente que chega às raias da invisibilidade. Nenhum cartaz, nenhum
outdoor, quase nenhum santinho
apregoando-o. Nem Gilberto Kassab, que limpou São Paulo -mas
voltou a sujá-la com sua campanha-, é tão asséptico.
Da mesma forma, no item panfleto, a vantagem de Paes sobre Gabeira deve ser de dez contra um, diferença que talvez reflita a proporção
entre os militantes pagos pelo primeiro e os voluntários que trabalham para o segundo. Não estou
contando os panfletos ofensivos a
Gabeira e que, apesar de também
proibidos, continuam a circular.
Com tudo isto -e mais o fato de
que os homens de Paes têm grande
imaginação para atribuir frases a
Gabeira, algumas inspiradas nas
suas pisadas na bola, e martelar tais
frases e gafes em cada grota eleitoral-, é quase incrível que, em linguagem de turfe, Gabeira ainda esteja disputando focinho a focinho
com o candidato oficial.
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